"Área Reservada"
A adolescência traz geralmente consigo a necessidade de testarmos os nossos limites e/ou impressionarmos os outros, o que implica quebrar regras e correr riscos desnecessários.
No Colégio, esta característica era exercitada através de um conjunto de actividades "piratas", tais como "cavanços" (muitas vezes só "porque sim") e passeios diurnos ou nocturnos a locais onde a presença de alunos não era autorizada ("Áreas Reservadas").
Cada aluno tinha o seu "perfil de risco", ou seja, uma tipificação das actividades não autorizadas cujo risco estava disposto a suportar.
Nível Zero - os alunos deste nível não estavam dispostos a correr qualquer risco. Havia sempre uma dor de barriga que os impedia, à última hora, de se juntarem ao resto do grupo...
Nível Baixo - os alunos deste nível estavam dispostos a correr riscos que representassem punições até 10 pontos. Dava para levar um olhar "de través" por parte do pai, mas provavelmente ainda dava para ter "Bom" em comportamento.
Nível Médio - os alunos deste nível estavam dispostos a correr riscos que podiam chegar ao "Suficiente" em comportamento, com a consequente perda das medalhas (se fossem candidatos).
Nível Elevado - os alunos deste nível estavam dispostos a correr riscos que podiam chegar ao convite para sair ou à expulsão.
Havia factores que permitiam reduzir o nível de risco, nomeadamente:
1) Ser filho ou neto de Alguém, ou estar acompanhado pelo filho ou neto de Alguém;
2) Ter o "cadastro" mais "brilhante" do que o chão encerado do Paço Ducal de Vila Viçosa (no qual eu me "espalhei" numa visita de estudo no 2º ano, tendo partido a minha máquina fotográfica);
3) Escolher adequadamente a data e a hora para a transgressão, em vez de a fazer "por impulso".
O nível de risco que eu assumia era, na generalidade, baixo. Sempre quis ser tratado como um "homenzinho" pela minha família, e isso implicava apresentar um comportamento responsável e tentar aparecer todos os anos em casa com mais uma medalha. Nas poucas ocasiões em que assumia mais riscos, tomava geralmente algumas medidas associadas ao factor 3 acima indicado, de forma a minimizar a possibilidade de desfechos "dramáticos".
O meu acto mais arriscado no Colégio terá possivelmente sido a "reportagem fotográfica" no telhado (publicada nas Memórias do Baú nºs XXIX, XXX e XXXI). É pouco, eu sei, mas foi o que se arranjou... ;-)
7 comentários:
Houve um excerto do discurso que ficou famoso, pelo que foi dito e pelo que não foi dito: "... houve um graduado da quarta que foi atropelado... houve um graduado da quarta que foi preso...", ao que a malta posteriormente acrescentou "... houve um graduado da quarta que fugiu...".
Isto era o que se dizia, porque eu (vá-se lá saber porquê...) não estava lá para ver.
Jags,
assim à primeira vista, não vejo qualquer incompatibilidade entre "serão punidos até ao máximo da minha competência" e o resultado: zero pontos de punição... ;-)
"...ficou-se tudo por um punição de privação de saída durante uns fins-de-semana para os que se deixaram apanhar" sendo que a punição maior foi precisamente para os que "não se deixaram apanhar"
Se os "Negativos" tivessem chegado, serias o operário mais novo do estaleiro... ;-)
A minha religião não me deixa ser eu a contar os pormenores dessa noite. Posso apenas dizer que seria uma "vendetta" por uma noite anterior e uns copos a mais do Tibi (avisa-se o menino biribiri...) de que eu e mais outros também se lembrarão (cheguem-se á frente, eu não posso revelar o meu passado pecaminoso)
Quanto á noite propriamente dita, o que fizemos, eu e outros, faria o agente Sam Fisher corar de vergonha porque ele ainda não aprendeu a caminhar por uma parede, ainda por cima com um lindo chapéu enfeitado com uma longa... pena (o Salgueiro que conte, ele sabe, eu não posso...)
Quando finalmente chegamos á cama (undetected) tivemos que levar com um discurso do martelinho (coitado) que rezava assim "...esta noite houve alunos do colégio que fugiram e abandonaram outros alunos do colégio em maus lençóis. Esta noite foi uma noite de vergonha... blá blá blá..." Ainda não parei de vomitar ao longo destes anos todos.
O resultado para mim foi exemplar: Quatro fins-de-semana por não estar presente na contagem na camarata enquanto camaradas meus levaram Um por serem apanhados em flagrante a "cavar"... Ao menos tive o prazer de ver o Carneiro "atropelar" um Mini... e depois tossir sempre que o Martelinho passava por mim na "seca" sem ele ter lata para fazer nada.
Querem saber o que á cavar "em grande estilo"? Mas muito grande mesmo? Peçam ao Buracos que conte (é inacreditável...)
Já agora e se me estiver a ler peço ao (Grande) Morais que me explique o que é "Nível Elevado" ;-)
Só mais uma aparte, Fózy, acho que foi contigo, numa linda noite quente de verão em fomos á lá "Sam Fisher" até á piscina, estilo avança um, observa o terreno, avança outro... um mimo. Subimos em silêncio até á piscina e fomos tomar uma "banhoca". Tudo isto com o cuidado de não emitir qualquer tipo de som e não produzir qualquer ruído (se o professor de IM nos visse tinhamos 20) tínhamos o cuidado de nadar de bruços para não interromper o silêncio. Até que... Bom, chegou uma corja de p'raí uns duzentos energumeros que começaram a mandar bombas e gritos e mandar amonas (lembras-te Potente?)...
"shores Alunos, não fujam, shores Alunos, eu shei quem shois..."
Olá malta,
Incrível como o Bicos ainda se recorda do meu chapéu com uma pena. Também não é difícil porque eu, já que o tinha na cabeça, era provavelmente a única pessoa que não o via num raio de 100 metros. E não pensem que era uma chapéu tipo Robin Wood, ou do género John Wayne após desbaratar algumas centenas de peles-vermelhas. Era mais uma mistura de ceifeira alentejana com um tinteiro Mont Blanc na cabeça. Caramba! Até me arrepio de pensar nisso. Acho que os gajos da Mont Blanc ficaram lixados e ainda hoje evito o Baixo Alentejo.
Houve também um célebre raid nocturno à Reprografia (?), numa missão de busca e copianço de um teste que ameaçava arrasar as médias e que ia correndo mal. Ficámos "horas" deitados nas prateleiras de um armário metálico, enquanto o funcionário tirava fotocópias a dois metros de distância. O mesmo grupo operacional participou também num raid ao pavilhão de química e física, numa missão idêntica. Esse raid ficou tristemente célebre, porque hove material pessoal e intransmissível que inadvertidamente foi retirado de uma gaveta.
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