domingo, dezembro 31, 2006

Memórias do Baú LXXVII - O Guião


O Jags fez-me chegar esta imagem, que tem a particularidade de o ter como "Porta-Guião", o que aconteceu porque o "titular do cargo" - o 82/77 - pertencia ao Orfeão e preferiu integrá-lo durante a missa do "3 de Março" (e fez muito bem, mas falarei mais sobre isto quando falar sobre o Orfeão).

O Jags teve, assim, a possibilidade de empunhar o Guião numa cerimónia oficial, o que é uma honra para qualquer Menino da Luz.

A somar a isto, há a referir que o Jags tinha já sido "Porta-Bandeira" no "Dia do Exército" de 1984 (que ocorreu nas férias entre o 7º e o 8º anos), o que fará dele um dos poucos alunos a ter tido a possibilidade de empunhar os dois símbolos em cerimónias oficiais. Como "sorja", é certamente o único.

Convenhamos que o mínimo que devo fazer é "passar a mão pelo pêlo" a quem tem trazido alguma animação a este "blog"... ;-)

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quarta-feira, dezembro 27, 2006

As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte I)

Complemento da série As Medalhas Que Ninguém Ganhou.


Depois de ver o gráfico do número de medalhas de Aplicação Literária do nosso curso por ano de curso, percebo claramente como é que os geólogos tiram tanta informação a partir de um simples corte numa parede rochosa...

Do lado esquerdo, no 1º e 2º anos, podemos ver a vida antes do "meteorito" (mudança de regulamento), com alguma abundância de "medalháveis".

O 3º ano é o ano do "impacto", que foi forte para todos os cursos, mas "arrasador" para o nosso - mais detalhes em As Medalhas Que Ninguém Ganhou (Parte I).

No 4º ano voltámos às medalhas, mas longe dos níveis atingidos nos 2 primeiros anos.

Até ao 6º ano verificou-se alguma melhoria, muito por mérito de alguns casos particulares, e nos 7º e 8º anos verificou-se um decréscimo, talvez influenciado pelo aumento do grau de exigência, mas seguramente influenciado pelo aumento do número de "incidentes disciplinares".

No total, foram conquistadas 66 medalhas de Aplicação Literária, o que corresponde a uma média de 8,25 por ano.

Continua em As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte II).

sábado, dezembro 23, 2006

Memórias do Baú LXXVI - O "Cadastro" (Parte IV)

Continuação de Memórias do Baú LXXIII - O "Cadastro" (Parte III).


No final do ano lectivo de 1979/80, a tradicional festa de encerramento incluía uma competição de atletismo entre as 3 turmas do 3º ano, vestindo cada uma delas uma camisola de alças de uma cor específica: verde para a Turma A, amarelo para a Turma B e encarnado para a Turma C.

Eu participava na prova de salto em altura, que era o que eu fazia "menos mal".

No fim da nossa prova, eu e "outro aluno" (se bem me lembro, o 646) teremos alegadamente ficado a dar cambalhotas nos colchões. Digo "alegadamente" porque não me lembro hoje nem me lembrava na altura em que, já em férias, me chegou a punição a casa.

Diz o Regulamento de Disciplina do Colégio (aliás, diz qualquer regulamento) que o acusado tem o direito a ser ouvido para apresentar a sua defesa, mas a falta devia ser tão óbvia que o Comandante de Companhia dispensou a minha presença e me "aviou" com 25 pontos negativos, tendo o Comandante do Corpo de Alunos agravado para 35 pontos negativos.

O que vale é que, para mim, o objectivo principal do ano já há muito que estava perdido, pelo que esta punição não fez mais do que reforçar a minha aceitação pelos camaradas da Turma C, para a qual eu tinha mudado no início do ano lectivo. Depois disto, eu era claramente um "deles"... ;-)

Continua em Memórias do Baú LXXVIII - O "Cadastro" (Parte V).

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Memórias do Baú LXXV - O Guião


Um dos meus momentos preferidos em qualquer "3 de Março" era o hastear de um Guião "king size" na parada do Corpo de Alunos.

Sempre tive um fascínio pelo nosso Guião, pela simetria, pelas cores, pelo desenho central e pela força da mensagem, e vê-lo a ondular ao vento era mais um indicador de que o Colégio estava a viver o período mais especial do ano: a comemoração de mais um aniversário (neste caso, o 182º).

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quarta-feira, dezembro 13, 2006

Casos Notáveis (Parte I)

notável (adjectivo, 2 géneros): digno de nota, de atenção ou reparo.

Caracterização de alguns aspectos da vida colegial, tomando como partida exemplos de alguns camaradas de curso - sem números, sem alcunhas, sem nomes.

Os "Rótulos"

Acredito que temos uma tendência para julgar o trabalho das pessoas em função da opinião que temos delas, do seu trabalho no passado, das expectativas que temos para elas, etc; em resumo, tudo menos o valor objectivo que esse trabalho tem no presente.

Em particular, num meio fechado como o Colégio, depois de um aluno ser "rotulado", carrega esse "rótulo" (para o bem ou para o mal) durante os restantes anos da sua vida colegial.

Se chega atrasado a uma aula e o "rótulo" é "positivo", leva uma admoestação verbal ou desce até 5 pontos; se o "rótulo" é "negativo", desce 10 a 25 pontos. Se o aluno ganha medalhas nos primeiros anos, aumenta a probabilidade de ganhar nos restantes; se não ganha nos primeiros anos, dificilmente lá chegará nos restantes.

Foi neste contexto que, já depois de passada metade do curso, dois alunos até aí "medianos" um dia decidiram: "a partir de hoje vou ser bom aluno".

O balanço final apresenta 3 medalhas de Ouro para cada um, revelando que, desse ponto de vista, os resultados foram plenamente atingidos.

Para além das dificuldades naturais associadas aos testes e aos trabalhos, estes alunos tiveram que ultrapassar os "rótulos" colocados pelos professores e oficiais, não beneficiando, na fase inicial do seu esforço, das "ajudas" habitualmente reservadas aos "medalháveis".

Pela intenção demonstrada, pelo esforço e pelos resultados atingidos, estes camaradas justificam a sua presença na minha galeria dos "Casos Notáveis". A história deles recorda-me que a vontade e o esforço são 90% das condições necessárias para o sucesso. Como dizem os nossos camaradas da farda azul, "querer é poder".

E o "rótulo" colocado pelos colegas, mudou com a mudança dos resultados?

A avaliação que o grupo faz de cada elemento depende da sua contribuição para o grupo, seja qual for a forma dessa contribuição. O "rótulo" de cada elemento depende, assim, do benefício que o grupo tira do sucesso individual desse elemento, e a correlação entre estes dois factores tem alguma tendência para ser negativa...

sábado, dezembro 09, 2006

Memórias do Baú LXXIV - Visita a Santa Margarida


"- Há 'Não-Fixes' à vista?"

Um grupo de "Fixes" especula sobre o impacto de um projectil de 105 mm do "M48A5 Patton" na Messe de Sargentos em plena hora de almoço... ;-)

terça-feira, dezembro 05, 2006

No Divã da "Enferma": os "Fixes" e os "Não-Fixes"

Para um curso habituado a viver em "anarquia", com várias facções mais ou menos organizadas e um futuro líder tacitamente aceite por todas, mas que não apareceu no início do 8º ano, passar a ter uma estrutura formal de liderança foi uma experiência... interessante.

Apesar desta estrutura formal, os circuitos de disseminação da informação continuavam a ser muito "ad-hoc", em função das relações estabelecidas no passado. Quando havia "coisas" para saber, havia sempre quem as sabia e quem não as sabia, formando dois grupos de dimensões semelhantes e relativamente estanques.

Quando realizámos uma visita de estudo ao Campo Militar de Santa Margarida, houve a necessidade de, por limitações logísticas, dividir o curso em dois grupos de igual dimensão, um dos quais almoçaria na Messe de Oficiais com o Comandante da Unidade, enquanto o outro almoçaria na Messe de Sargentos.

A divisão do curso ficou a cargo do Comandante de Batalhão, e os dois grupos resultantes representaram simbolicamente a divisão do curso, tendo sido "baptizados" de "Fixes" e "Não-Fixes".

A terminologia "pegou", e a partir desse momento era vulgar uma conversa entre "Não-Fixes" ser interrompida por causa da aproximação de um camarada, exclamando alguém "cuidado que este gajo é 'Fixe'!".

Enfim, brincadeiras... A brincar, a brincar... ;-)

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Memórias do Baú LXXIII - O "Cadastro" (Parte III)

Continuação de Memórias do Baú LXXII - O "Cadastro" (Parte II).

O Furto das "Guloseimas"


Estávamos no 2º ano, no fim do ano lectivo de 1978/79, e fomos para o Pavilhão dos Desportos (actual Pavilhão Carlos Lopes) treinar para o Sarau de Fim de Ano que se ia realizar no dia seguinte.

As diversas classes sucediam-se num ensaio geral especialmente demorado, devido aos últimos acertos, e o tempo era marcado essencialmente por duas sensações: tédio, porque para quem não estava a ensaiar não havia nada para fazer, e fome, porque a tarde já ia longa e não havia nada para comer.

Foi então que, como que "por magia", apareceram nas bancadas umas sandes de pacote que, depois de partilhadas, acabaram por servir para pouco mais do que "enganar" a fome. Apesar de não ter havido muitas perguntas, era óbvio para os presentes que as sandes tinham uma origem ilícita, e que isso nos podia trazer problemas.

O Sarau realizou-se, o ano lectivo acabou, e fomos todos para casa, ser pensar mais nas sandes. No entanto, no ano lectivo seguinte, o longo braço da justiça estava à nossa espera...

Iniciou-se então uma investigação especialmente complexa, devido ao número elevado de "arguidos" e ao facto de ter já passado algum tempo e já ninguém se lembrar (ou não se querer lembrar) muito bem do que tinha acontecido. As coisas ficaram ainda mais complicadas quando percebemos que a queixa apresentada referia uma dimensão muito superior àquela pela qual reconhecíamos ser responsáveis, o que deixava antever que tinha havido outros camaradas a ter a mesma ideia, ou que a queixa tinha sido propositadamente exagerada para a obtenção de uma compensação mais elevada.

Ao fim de vários meses, os oficiais acabaram por se render à evidência de que, face às variáveis em jogo, nunca iriam conseguir perceber exactamente o que tinha acontecido, e acabámos por nos "safar" apenas com uma repreensão escrita.

Houve dois aspectos muito relevantes para mim neste processo: em primeiro lugar, ficámos com um "peso na consciência" por termos feito uma acção que, para além de ter consequências disciplinares para nós, prejudicou a imagem do Colégio; em segundo lugar, ficou muito claro para nós que éramos todos responsáveis no mesmo grau, independentemente de quem furtou, quem vigiou, e quem só comeu, sabendo ou suspeitando de onde vinham. O texto da punição foi, aliás, igual para todos, referindo-se às sandes como "guloseimas", talvez para reforçar a censurabilidade do acto.

Há um ditado popular que diz que "tão ladrão é o que vai à horta, como o que fica à porta". A isto, a nossa experiência acrescentou "como o que, mesmo não metendo lá os pés, usufrui conscientemente dos produtos hortícolas furtados".

Continua em Memórias do Baú LXXVI - O "Cadastro" (Parte IV).