quinta-feira, junho 28, 2007

"Queda na Máscara"

Local/Evento: Carregueira, Semana de Campo.

Intervenientes: O "Matumbo" (um Aspirante que tinha a mania que era "duro") e algumas patrulhas de alunos.

Assunto: Instrução de "queda na máscara".

Depois de ter explicado a técnica da "queda na máscara", o "Matumbo" mandou os alunos colocarem-se em duas filas paralelas. À sua ordem, avançariam em corrida ligeira dois a dois e, perante a voz de "já!", fariam "queda na máscara" no sítio onde se encontrassem.

Só falta referir que o "Matumbo" tinha escolhido um campo cheio de arbustos rasteiros e com espinhos, e que, por uma enorme coincidência, gritava "já!" sempre na pior altura.

É claro que a "malta", ao ouvir o "já!", e apesar da exposição ao fogo do IN, procurava calmamente o sítio com menos arbustos e deitava-se com jeito para não se magoar.

O "Matumbo" estava furioso. Gritava que era preciso ir para o chão no momento certo, e que era preciso usar bem a técnica, ou seja, a primeira coisa a tocar no chão eram os joelhos, e depois era a coronha da G-3, de forma a amortecer a queda do corpo e a que o movimento de queda do corpo levasse a que a arma ficasse apontada para a frente, pronta a fazer fogo sobre o IN.

"Tenho medo de partir a coronha da G-3", argumentou um dos alunos, para justificar a forma "confortável" como se deitou. "Partir a coronha? Podes bater com a força que quiseres, que isso não se parte. Fiz isto centenas de vezes nos Comandos, e nunca se partiu."

Dito isto, o "Matumbo" avançou para demonstrar a utilização da técnica. Para começar, escolheu a direcção com mais arbustos, o que só lhe ficou bem. Depois avançou, em passo de corrida, e executou a técnica de forma decidida e irrepreensível.

Infelizmente, o efeito didáctico da demonstração não foi exactamente o pretendido, dado que, ao entrar em contacto com o chão, a coronha da G-3 se partiu, e o "Matumbo" ficou sem o factor que iria amortecer a sua queda, para além de não ter terminado com a arma apontada ao IN.

Mas, pior do que a dor da queda desamparada em cima dos espinhos, foi a dor da vergonha passada em frente a dezenas de Colegiais, que se riram "a bandeiras despregadas" durante meses com este incidente. E, se o respeito por ele já não era muito (talvez a alcunha de "Matumbo" dê alguma pista...), a partir daí foi nulo... ;-)

domingo, junho 24, 2007

Músicas do Orfeão I - Tant Que Vivray

Tant Que Vivray - Claudin de Sermisy (1495-1562)

Tant que vivray en aage florissant,
Je serviray Amour le Dieu puissant,
En faict, et dictz, en chansons, et accords.
Par plusieurs jours m'a tenu languissant,
Mais apres dueil m'a faict resjouyssant,
Car j'ay l'amour de la belle au gent corps.
Son alliance
Est ma fiance:
Son cueur est mien,
Mon cueur est sien:
Fy de tristesse,
Vive lyesse,
Puis qu'en Amours a tant de bien.

Quand je la veulx servir, et honnorer,
Quand par escriptz veulx son nom decorer,
Quand je la voy, et visite souvent,
Les envieulx n'en font que murmurer,
Mais nostre Amour n'en sçauroit moins durer:
Aultant ou plus en emporte le vent.
Maulgré envie
Toute ma vie
Je l'aymeray,
Et chanteray:
C'est la premiere,
C'est la derniere,
Que j'ay servie, et serviray.

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quarta-feira, junho 20, 2007

O Orfeão Colegial

O Orfeão Colegial era, na minha opinião, uma "elite", pela missão de representação do Colégio que desempenhava, geralmente com grande sucesso.

Porque é que eu não o referi, juntamente com as outras "elites", na série As Elites da Elite? Simplesmente porque este estatuto estava longe de ser consensual - antes pelo contrário: para muitos alunos, pertencer ao Orfeão era um "mal necessário", e só enquanto era mesmo necessário.

Num meio exclusivamente masculino, em que os referenciais de atitude eram dados pelos "12 Indomáveis Patifes" e "Os Gansos Selvagens", cantar "Minha Amora Madurinha", "Ó Cigarra, Cigarrinha" ou "Cuidadosos os Burrinhos" não era propriamente compatível.

Por isso, a "malta" mais "rufia" fazia tudo para não ser seleccionada para o Orfeão, o que incluía cantar o pior possível nas audições feitas pelo Padre Miguel. Quem era seleccionado, fazia muitas vezes o papel de "ai que frete" para não "ficar mal na fotografia".

O Padre Miguel tinha, na minha opinião, muito pouco de padre. Apesar da forma de aplicar castigos, cujo rigor e força denunciava claramente a frequência de um seminário no tempo do antigo regime, nunca o vi celebrar nenhuma missa nem lhe identifiquei grandes características de "pastor de almas". Também me parece que tinha pouco de professor de música; ensinar colcheias e semicolcheias a "putos" de 10 anos parecia não ser coisa que o motivasse muito. O Padre Miguel era, isso sim, o Maestro Miguel Carneiro, especialista na formação e ensaio de grupos corais, trabalhando primeiro cada cantor de forma individual, depois pequenos grupos, e finalmente todo o conjunto, até atingir o resultado desejado. E, nesta função, ele era de facto excepcional.

O Orfeão Colegial deixava uma excelente impressão em todos os locais onde actuava, com o seu repertório que incluía músicas de uma grande variedade de estilos e épocas, e cantadas em várias línguas: Português, Francês, Inglês, Italiano e Castelhano, incluindo variantes medievais de algumas destas línguas.

Guardo recordações espectaculares dos meus anos de participação no Orfeão, nomeadamente:

1) Na gala dos 175 anos do Colégio, cantar o Hino do Colégio e o Hino Nacional a quatro vozes. Inesquecível. Nunca mais ouvi o Hino Nacional tão bem cantado como nós o cantámos.

2) Nas missas do "3 de Março", na Igreja de S. Domingos, cantar com uma pequena orquestra de cordas (que fazia apenas um ensaio connosco). Divino.

O Padre Miguel Carneiro marcou uma época no Orfeão Colegial. Tenho orgulho em ter feito parte dessa época.

sábado, junho 16, 2007

Memórias do Baú XCVI - A Viagem de Finalistas


Uma performance de rua, em frente ao Centre Georges Pompidou.

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terça-feira, junho 12, 2007

A Última Vítima do Grizzly (Parte IV)

Continuação de A Última Vítima do Grizzly (Parte III).

O Epílogo

Após ter sentido o "hálito" quente do Grizzly, qual "maldição faraónica" reservada a quem perturba o descanso de um guerreiro, o "chaminhas" correu para a Enfermaria.

O enfermeiro de serviço, habituado a tratar feridas nos joelhos e cotovelos, alguns braços e pernas partidos, e também alguns casos de "falquite" (em especial à hora das aulas de equitação), não esperava ter que lidar com uma situação destas. De acordo com o relato do "chaminhas", "quando eu entrei, o enfermeiro começou a rir-se de mim, porque pensou que eu tinha caído de cabeça na lama." Dá para imaginar o aspecto...

Quais foram as consequências?

"Queimei a cabeça, desde a zona dos olhos até à nuca, com maior incidência do lado esquerdo do crânio."

"O olho esquerdo inchou e tive que pôr pomada dentro do olho. A pele da orelha esquerda acabou por ficar seca e quebradiça e depois foi caindo. Durante uns anitos, fiquei com a pele da zona afectada mais escura que a restante, o que veio a disfarçar com o tempo, até desaparecer."

"Se não usasse óculos, podia ter ficado cego, pelo menos do olho esquerdo, que foi o mais afectado. Os óculos não deixaram a chama bater em cheio nos meus olhos. Eu, de facto, cheguei a ver a chama, porque bateu nos óculos de frente e foi suficiente para eu 'tirar a fotografia'. Se tivesse levado com a chama em cheio de frente nos olhos abertos, não sei o que teria acontecido."

"Lembro-me de estar na enfermaria com a cabeça ligada, vestido, deitado em cima de uma cama em repouso, e de entrarem os meus pais, com a minha mãe a chorar desalmadamente e a vir abraçar-se a mim e eu a pensar: mas o que é que se passa? Acontece que alguém tinha telefonado para os meus pais a dizer que eu estava TODO queimado…"

A recuperação demorou alguns meses, sendo que nos dois primeiros o "chaminhas" andou com a cabeça "entrapada". "Depois dos primeiros dias em que realmente me ardeu, eu andava porreiro da vida, entrapado como um gajo que veio da frente de combate e tinha a atenção de toda a gente e dos meus amigos lá da rua".

O comportamento mudou após o incidente?

"Não. Ou se mudou, tornou-me mais pirómano ainda. ;-)"

sexta-feira, junho 08, 2007

Memórias do Baú XCV - A Viagem de Finalistas


A acolhedora Caserne Mortier...

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segunda-feira, junho 04, 2007

Curso de 1984/92 - 15 Anos de Saída

No passado dia 1 de Junho, o curso de 1984/92 comemorou os 15 anos de saída do Colégio.


Este é o curso do qual fui graduado no seu 1º ano, e que designo como "as minhas crianças".

Tenho excelentes memória dessa experiência como graduado, e foi para mim uma grande satisfação ter sido um "penetra" em parte desta comemoração e poder rever alguns camaradas que não já via há muitos anos, bem como confirmar o excelente relacionamento que o "núcleo" do curso tem mantido ao longo dos anos.


Os últimos anos têm sido pródigos em placas diferentes da tradição, quer nos materiais utilizados, quer nos textos gravados. A placa do curso de 1984/92 foi uma verdadeira surpresa, pois inova nos materiais e na mensagem implícita, fazendo uma metáfora da união da "família Colegial" e da "cicatrização" de feridas abertas no passado (do tipo "Fixes" e "Não-Fixes"), sendo a mensagem representada por duas secções que encaixam na perfeição e que são unidas por um "penso rápido".


Ou isso, ou então a placa partiu-se ao ser colocada e alguém lhe colou um "penso rápido" na brincadeira. ;-)

Recordei em especial o 325, já falecido, e o facto de este todos os dias passar os "intervalos grandes" na Sala de Visitas, a poucos metros do local onde foi descerrada a placa, a comer a "bolama" que a mãe lhe trazia, em visitas destinadas a suprir as carências da alimentação Colegial e... do internato. Por ele, todos dissemos "Presente".