sábado, dezembro 27, 2008

Sozinho em Casa (Parte II)

Continuação de Sozinho em Casa (Parte I).

Percorri todas as companhias e todas camaratas para ver as novidades.

Na sala de leitura da Primeira, foi possível verificar que os quadros dos Comandantes de Companhia foram alterados. Continuam a ser "toscos", mas já têm a informação correcta, ou seja, o "Fru-fru" já está no sítio.

Nas casas de banho, os lavatórios e os urinóis são novos, e as sanitas têm tampo... que "luxo".

As camaratas da Primeira e da Segunda agora têm os seus próprios balneários. Já não é preciso atravessar "meio Colégio" e ir até à parte de baixo do refeitório, onde os chuveiros estavam tão calcinados que as torneiras tinham que ser abertas e fechadas "à chinelada", e a água saía por apenas dois ou três dos buraquinhos com uma pressão dolorosa e a uma temperatura que oscilava constantemente entre o muito frio e o muito quente.

Os balneários da Terceira e da Quarta são os mesmos, mas agora têm entrada directa a partir das respectivas companhias. Bastou furar uma parede... genial.

Os cantos dos graduados estão sóbrios... nada de exageros como no passado.

Na sala de leitura da Quarta há uma mesa de snooker... muita utilidade teriam os tacos em algumas sessões de "investiga-pancadaria", como lhes chamou o JAGS, um comentador habitual deste "blog".

Na Terceira encontrei dois graduados, com os quais estive à conversa durante uns minutos. No meio da conversa, perguntei-lhes se sabiam o que havia no meu tempo no espaço exterior entre as duas camaratas da Terceira. Olharam um para o outro... a avaliar pela diferença de gerações e pelas habituais histórias de "no meu tempo" que os ex-alunos contam, devem ter pensado "uma horta cultivada pelos alunos", ou "os estábulos"... Quando eu lhes disse "um court de ténis" olharam um para o outro... "uau, um court de ténis, que fixe", disse um deles. Sim, no lugar actualmente ocupado por um parque de estacionamento com ar degradado (quem é que alguma vez terá estacionado aqui?) havia um court de ténis...

E eu deixei-os, enquanto pensava "no meu tempo é que era fixe"...

domingo, dezembro 21, 2008

Memórias do Baú CXXXI - O Curso de Pára-quedismo


O instrutor - o 1º Sargento Calhau(*) - aguarda tranquilamente o momento de nos mandar pela porta fora...

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(*) Identificação feita com o apoio do fórum http://forumpq.paraquedistas.com.pt.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Sozinho em Casa (Parte I)

Numa noite de Dezembro, dirigi-me ao Colégio para participar no Jantar de Natal da AAACM.

Cheguei por volta das 19h00 e, como o jantar estava marcado para as 20h30, resolvi ir dar uma volta até ao Corpo de Alunos para reavivar memórias antigas.

Atravessei o "Jardim da Enferma", completamente às escuras. Vieram-me à memória as inúmeras vezes que o atravessei num sentido e no outro, com diferentes emoções. Recordei em especial o banho no lago no último dia de aulas, e a última vez que o atravessei fardado de pano(*).

Passei pela "Enferma", também completamente às escuras. Será que alguém ainda fica doente na "Enferma"?

A parada também estava completamente às escuras. Há claramente uma intenção de poupar energia.

Ao chegar à frente do Corpo de Alunos, verifiquei na prática o que já me tinha sido dito: os velhos caixilhos de ferro foram substituídos por caixilhos de alumínio, e os vidros transparentes deram lugar a vidros foscos.

No meu tempo de Colégio, os vidros eram transparentes, mas não víamos para além deles, nem éramos vistos através deles.

Quando olhávamos para eles, não víamos mais do que o nosso reflexo, umas vezes com olhar fosco, à espera do fim da "ladainha" dos Graduados, outras vezes com olhar de vítima, outras ainda com olhar de juiz.

Nunca tive evidências de que o "mundo exterior" conseguisse ver através dos vidros, e terá havido uma dúzia de vezes em que desejei ardentemente que houvesse alguém ou alguma coisa do outro lado do vidro, para além do meu reflexo.

Nunca nenhuma decisão foi tomada em função da transparência ou opacidade dos vidros; nunca nada foi ocultado do exterior, porque a sociedade era fosca o que se passava no Colégio só ao Colégio dizia respeito.

Actualmente os vidros são foscos, mas a visão a partir do exterior é cristalina. Qualquer coisa que se passe no Colégio é imediatamente vista pelos pais, pelos respectivos advogados e pelas muitas autoridades relacionadas com crianças. É muito mais difícil ser Graduado. Aliás, é impossível ser Graduado.

Em relação ao Corpo de Alunos, é caso para dizer "vidros transparentes numa sociedade fosca, e vidros foscos numa sociedade transparente".

Mas voltemos à narrativa: entrei no Corpo de Alunos, "fintei" o Oficial de Dia e fui pelas escadas acima em direcção à Primeira.

Continua em Sozinho em Casa (Parte II).

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(*) De facto, houve três vezes em que achei que era a última vez: no fim dos Exames Nacionais do 8º ano, no fim do Curso de Pára-quedismo, e após uma consulta no dentista a que tive que ir por causa de uma massa que caiu.