quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Qual é o Verdadeiro Colégio?

Qual é o verdadeiro Colégio? O Colégio do Pedro, apresentado na reportagem da SIC ("Um Nó na Alma") em 17 de Fevereiro, ou o Colégio do João, apresentado na notícia do "24 Horas" de 28 de Janeiro? O Colégio dos graduados como irmãos mais velhos, que apoiam os alunos mais novos nas suas dificuldades, ou o Colégio dos graduados que "ameaçam com uma navalha"?

Gostei da reportagem da SIC, em especial pela postura assumida pelo Pedro. Ver um miúdo de 10 anos a dizer em relação a uma mudança deste calibre que "é um desafio" é simplesmente extraordinário. Há "homens feitos" que olham qualquer mudança como uma coisa temível, a evitar a todo o custo, e o Pedro olha a mudança de frente e chama-lhe um desafio.

Ser capaz de se adaptar ao desafio, quer a entrada para o Colégio seja por vontade própria, quer seja por vontade dos pais, é uma condição essencial para o sucesso de um aluno no Colégio.

No dia seguinta ao da emissão da reportagem, uma colega de trabalho comentou comigo que um familiar esteve para mandar o filho para o Colégio "para ver se o punham no sítio". Quando lhe perguntei que "sítio" era esse, referiu-me que o miúdo era mimado e insuportável (os pais quase não conseguiam ter mão nele) e que a disciplina do Colégio seria interessante para o educar.

Muito dificilmente o Colégio conseguirá dar a uma criança os princípios básicos de educação que os pais não foram capazes de lhe dar. Na maioria das situações, a criança acrescentará à rebeldia contra a educação dos pais a rebeldia contra a educação dos graduados, que lhe querem impôr regras de disciplina que ela não aceita nem dos pais, quanto mais de estranhos.

Qualquer criança que esteja habituada a seguir regras em casa, consegue seguir as regras do Colégio. São regras seguramente diferentes, em alguns casos mais exigentes, mas são regras claras e aplicadas de forma justa. Quem não está disposto a seguir quaisquer regras, rapidamente aparece no "radar" como um caso complicado e passa a ser "marcado em cima", o que pode levar à criação de um ciclo vicioso de confrontação. Para um aluno que não queira seguir regras, as regras são uma violência, como violência é qualquer medida que vise levá-lo a cumprir as regras.

E é assim, certamente, que surgem casos como o do João. Se este caso em concreto (bem como os detalhes indicados) é verídico ou não, "depende da vossa fantasia"(*).

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(*) GNR, "Vídeo Maria".

domingo, fevereiro 24, 2008

Memórias do Baú CXXIV - "Almofadadas" e Outros "Granéis"


A fotografia mostra uma saída dos "ratas" de 1984/85 para um ataque de "almofadada" à camarata do 2º ano.

Normalmente os anos mais baixos não atacavam os anos mais altos. Quando isso acontecia, era quase certo que os esperava uma emboscada, e o "caçador" acabava como "presa"...

Fotografados (agradeço correcções):










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terça-feira, fevereiro 19, 2008

"Isto Não Define Quem Sou" (Parte II)

Continuação de "Isto Não Define Quem Sou" (Parte I).

O Pedro teve um percurso colegial o mais normal possível, com alegrias, decepções, histórias engraçadas, medalhas, punições, etc.

Aprendeu cedo a guardar para si um aspecto particular da sua maneira de ser. Poderia partilhá-lo com alguém? "Deveria haver alguém de absoluta confiança com quem se pudesse falar, e eu nunca senti que houvesse. O Capelão? Católico. Os Graduados? Bye-bye Colégio. Professores? Confiar em quem?"

O assumir foi um processo longo. "Quando saí do Colégio precisei, acima de tudo, de me descobrir. Não foi imediato, nem fácil, e durante bastante tempo afastei-me dos meus camaradas. Penso que é natural, acontece por muitas razões. Também não adoptei uma atitude exibicionista. Basicamente, segui a minha vida."

"Houve um grupo do meu curso que manteve contacto intenso nos anos pós-Colégio. Isso tornou relativamente fácil os 'rumores' espalharem-se que nem fogo. Finalmente, num jantar de curso, confirmaram-se os rumores. Penso que alguém me perguntou abertamente aquilo de que já se desconfiava e eu confirmei."

"Como é que reagiram? Houve de tudo. Note-se que o meu afastamento da malta e os 'rumores' que iam ouvindo, deu-lhes algum tempo para se habituarem à ideia. Em geral, o silêncio foi a resposta inicial. Não tenho quaisquer ilusões sobre o que muitos acharam na altura, mas também não era a preocupação principal da vida deles. E pouco a pouco, com alguma persistência minha, foram-se vencendo algumas barreiras e agora, em geral, a atitude é de 'detente cordiale'. Continuo a provocar, espero que de maneira algo didáctica, a tentar que estejam mais à vontade com o assunto, e, em geral, penso que passou a ser um assunto menor, como eu gosto que seja."

"Eu reaproximei-me porque, queira ou não, vejo-os como família e sinto a falta de muitos deles, nem que seja de vê-los uma vez por ano. Tem sido um processo moroso, mas eu não estava disposto a abdicar do meu passado para viver o meu futuro."

Como é que o Pedro vê o Colégio da actualidade? "É altura de todos aceitarmos que, acima de tudo, o bem estar físico e mental de um aluno é superior ao interesse da Instituição. Penso que só quando aceitarmos isto poderemos reverter o declínio do Colégio. O Colégio tenta 'impingir' que é a nossa Casa, mas que raio de casa é esta que expulsa os seus filhos por serem quem são? É cruel. Acho que deve haver mais tolerância. Aceitar não é promover, é aceitar. E acima de tudo, apoiar quem precisa."

"O Colégio é tanto meu como de qualquer outro ex-aluno. Foi a minha casa durante oito anos. Tenho direito à minha voz dentro da comunidade de ex-alunos. Representei o Colégio enquanto aluno e continuo a representá-lo enquanto ex-aluno. Sou diferente dos outros ex-alunos, mas da mesma maneira que somos todos diferentes, ou seja, não valorizo a minha diferença."

"Não quero ser paladino de coisa nenhuma, eu gosto de paz e sossego, mas também não quero fugir de nada. O Colégio ensinou-me a ter coragem para ser quem sou e a não fugir de uma luta, por muito grande que pareça."

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Memórias do Baú CXXIII - A Visita dos "Craques"


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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

O Curso de Pára-quedismo (Introdução)

Hoje em dia, saltar de pára-quedas "é para meninas".

O objecto em si passou a ser rectangular, resultando da junção de vários "tubos" de tecido fechados na parte posterior, e tem o nome de "asa", sendo possível voar, curvar e até travar.

A performance da asa depende da sua superfície, e se é verdade que as asas usadas pelos saltadores mais experientes, com superfícies inferiores a 180 pés quadrados, são excepcionalmente manobráveis e, como tal, exigem grande perícia na aterragem, as asas usadas para a instrução, com superfícies superiores a 260 pés quadrados, são extremamente estáveis, e só alguém muito "nabo" ou com muito azar consegue ter um acidente.

Nos "bons velhos tempos" dos pára-quedas redondos, aí sim, os "sobreviventes" tinham uma história para contar.

Os pára-quedas redondos têm uma manobrabilidade quase nula - e se escrevo "quase", é por respeito aos sargentos pára-quedistas que juravam a pés juntos que o pára-quedas era manobrável - e uma velocidade de aterragem não desprezável. De facto, mesmo considerando um vento fraco, a velocidade de aterragem é na casa dos 25 a 30 km/h, o que já dá para "fazer mossa". E se juntarmos a velocidade de aterragem com a imprevisibilidade do local de aterragem (estradas, pedras, árvores, casas, carros, cercas de arame farpado, postes eléctricos, cabos eléctricos, rios, lagos, gado, etc.), temos uma combinação vencedora para a criação de histórias para contar à lareira.

"No meu tempo" era tradicional haver um curso de pára-quedismo (com brevet desportivo civil) que era proporcionado pelo Colégio aos alunos finalistas que o desejassem. O curso era realizado na Base Escola de Tropas Pára-quedistas (BETP), em Tancos, com recurso aos mesmos meios humanos (instrutores) e materiais (simuladores, pára-quedas, aviões, etc.) utilizados na formação dos pára-quedistas militares. Só a preparação física não era (felizmente...) a mesma.

É sobre essa experiência, vivida no Verão de 1985, que escreverei alguns apontamentos curtos nesta série.

Continua em O Curso de Pára-quedismo (Parte I).

Fotografias extraídas de http://fotos.paraquedistas.com.pt.

domingo, fevereiro 03, 2008

Memórias do Baú CXXII - A Visita dos "Craques"


Carlos Lisboa é considerado por muitos o melhor basquetebolista português de todos os tempos.

Em 1985, no auge da sua carreira, veio ao Colégio a convite do Prof. Bernardino com o seu colega do Benfica Fernando Marques.

Foi uma sessão inesquecível pela qualidade dos convidados e pela forma como se integraram como iguais num jogo com um bando de "pernetas".

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