sexta-feira, maio 19, 2006

O Homem Que Quase Bateu o "Record" da Pista de Combate (Parte II)

Continuação de O Homem Que Quase Bateu o "Record" da Pista de Combate (Parte I).

Na semana seguinte fui "intimado" a apresentar-me no gabinete do "Panzer".

O "Panzer" era um tenente ex-aluno, que tinha fama de ter sido um "duro" enquanto aluno, e que gostava de manter essa fama enquanto oficial.

Apesar de tudo, sempre achei que de "duro" ele só tinha a fama; o que ele não gostava (quem gosta?) era de ser "toureado" pelos alunos, e havia alguma tendência da malta em abusar só porque ele era ex-aluno.

Por motivos que nunca entendi - não era certamente pelas marcas que alcançava na pista de combate - tinha sempre boas notas a Instrução Militar, e acho que essa decisão passava também pelo "Panzer". Por isso, senti-o com um misto de satisfação por ir "entalar" mais um "malandro", e de insatisfação por ser este "malandro". É que o "Panzer" sabia perfeitamente que o Major era um bocado ingénuo na relação com os alunos, e que era natural que estes usassem alguns esquemas para o enganar. Mas um engano destes, era evidente demais...

- "Explica-me lá como é que fizeste este tempo." - perguntou-me.

- "Não fiz." - respondi.

Preciso de explicar que, na altura, eu gostava bastante de utilizar a ironia, ainda que correndo o risco de esta não ser apreciada. Por isso, achei que era melhor fornecer as informações "a saca-rolhas" do que começar logo a "desbobinar" a história toda.

- "Então como é que explicas isto?"

- "Foi um engano do Major."

- "E porque é que não lhe chamaste à atenção?"

- "Chamei, mas ele confirmou que eu ia muito bem e que, se tivesse usado a 'Técnica do Arantes' tinha batido o 'record' do Colégio."

O "Panzer" teve que se agarrar ao bigode e fazer um esforço enorme para não se "partir a rir" à minha frente, ao imaginar o Major a explicar a um "perneta" como eu que se me tivesse esforçado tinha batido o "record" do Colégio. É que era preciso ser mesmo muito distraído...

Depois de uma pausa para se recompor, olhou para mim com um ar sério e disse:

- "Obrigado. Podes ir."

Não sei se fiquei para a posteridade como um dos melhores a fazer a pista de combate. O que é um facto é que a nota ao fim do período não reflectiu a extraordinária melhoria na performance.

3 comentários:

Anónimo disse...

O Major Fernandes era o que se chama um "bonzão" assim sendo o pessoal abusava (o meu curso bateu o record ... do "abuso" com um episodio bastante triste) que ando a tentar descrever da melhor maneira num próximo post.
Nunca percebi o porquê do seu sotaque abrasileirado ou o que é que o motivava realmente na sua passagem pelo Colégio pois ele sempre pareceu distante.

Chagas, foi o teu curso que na Recita ofereceu ao Panzer uma monumental barretina de esferovite? Classe !!!

Pedro Chagas disse...

Num rectângulo de esferovite (aproximadamente 1 m x 80 cm) desenhámos e pintámos uma barretina, que depois recortámos.

Acho que a barretina foi dada ao Major Cabral da Silva (nosso professor de Matemática no 4º e 5º anos).

Ao "Panzer" demos o contorno exterior, para indicar que alguma coisa estava em falta... ;-)

Rantas disse...

O Major Cabral da Silva! Grande homem, já não me lembrava dele! Ainda continuou muitos anos no Colégio, depois do nosso 5º ano?