domingo, dezembro 31, 2006

Memórias do Baú LXXVII - O Guião


O Jags fez-me chegar esta imagem, que tem a particularidade de o ter como "Porta-Guião", o que aconteceu porque o "titular do cargo" - o 82/77 - pertencia ao Orfeão e preferiu integrá-lo durante a missa do "3 de Março" (e fez muito bem, mas falarei mais sobre isto quando falar sobre o Orfeão).

O Jags teve, assim, a possibilidade de empunhar o Guião numa cerimónia oficial, o que é uma honra para qualquer Menino da Luz.

A somar a isto, há a referir que o Jags tinha já sido "Porta-Bandeira" no "Dia do Exército" de 1984 (que ocorreu nas férias entre o 7º e o 8º anos), o que fará dele um dos poucos alunos a ter tido a possibilidade de empunhar os dois símbolos em cerimónias oficiais. Como "sorja", é certamente o único.

Convenhamos que o mínimo que devo fazer é "passar a mão pelo pêlo" a quem tem trazido alguma animação a este "blog"... ;-)

Para acederes ao "post" anterior sobre o Guião, clica aqui.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte I)

Complemento da série As Medalhas Que Ninguém Ganhou.


Depois de ver o gráfico do número de medalhas de Aplicação Literária do nosso curso por ano de curso, percebo claramente como é que os geólogos tiram tanta informação a partir de um simples corte numa parede rochosa...

Do lado esquerdo, no 1º e 2º anos, podemos ver a vida antes do "meteorito" (mudança de regulamento), com alguma abundância de "medalháveis".

O 3º ano é o ano do "impacto", que foi forte para todos os cursos, mas "arrasador" para o nosso - mais detalhes em As Medalhas Que Ninguém Ganhou (Parte I).

No 4º ano voltámos às medalhas, mas longe dos níveis atingidos nos 2 primeiros anos.

Até ao 6º ano verificou-se alguma melhoria, muito por mérito de alguns casos particulares, e nos 7º e 8º anos verificou-se um decréscimo, talvez influenciado pelo aumento do grau de exigência, mas seguramente influenciado pelo aumento do número de "incidentes disciplinares".

No total, foram conquistadas 66 medalhas de Aplicação Literária, o que corresponde a uma média de 8,25 por ano.

Continua em As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte II).

sábado, dezembro 23, 2006

Memórias do Baú LXXVI - O "Cadastro" (Parte IV)

Continuação de Memórias do Baú LXXIII - O "Cadastro" (Parte III).


No final do ano lectivo de 1979/80, a tradicional festa de encerramento incluía uma competição de atletismo entre as 3 turmas do 3º ano, vestindo cada uma delas uma camisola de alças de uma cor específica: verde para a Turma A, amarelo para a Turma B e encarnado para a Turma C.

Eu participava na prova de salto em altura, que era o que eu fazia "menos mal".

No fim da nossa prova, eu e "outro aluno" (se bem me lembro, o 646) teremos alegadamente ficado a dar cambalhotas nos colchões. Digo "alegadamente" porque não me lembro hoje nem me lembrava na altura em que, já em férias, me chegou a punição a casa.

Diz o Regulamento de Disciplina do Colégio (aliás, diz qualquer regulamento) que o acusado tem o direito a ser ouvido para apresentar a sua defesa, mas a falta devia ser tão óbvia que o Comandante de Companhia dispensou a minha presença e me "aviou" com 25 pontos negativos, tendo o Comandante do Corpo de Alunos agravado para 35 pontos negativos.

O que vale é que, para mim, o objectivo principal do ano já há muito que estava perdido, pelo que esta punição não fez mais do que reforçar a minha aceitação pelos camaradas da Turma C, para a qual eu tinha mudado no início do ano lectivo. Depois disto, eu era claramente um "deles"... ;-)

Continua em Memórias do Baú LXXVIII - O "Cadastro" (Parte V).

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Memórias do Baú LXXV - O Guião


Um dos meus momentos preferidos em qualquer "3 de Março" era o hastear de um Guião "king size" na parada do Corpo de Alunos.

Sempre tive um fascínio pelo nosso Guião, pela simetria, pelas cores, pelo desenho central e pela força da mensagem, e vê-lo a ondular ao vento era mais um indicador de que o Colégio estava a viver o período mais especial do ano: a comemoração de mais um aniversário (neste caso, o 182º).

Para acederes ao "post" anterior sobre o Guião, clica aqui.

Para acederes ao "post" seguinte sobre o Guião, clica aqui.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Casos Notáveis (Parte I)

notável (adjectivo, 2 géneros): digno de nota, de atenção ou reparo.

Caracterização de alguns aspectos da vida colegial, tomando como partida exemplos de alguns camaradas de curso - sem números, sem alcunhas, sem nomes.

Os "Rótulos"

Acredito que temos uma tendência para julgar o trabalho das pessoas em função da opinião que temos delas, do seu trabalho no passado, das expectativas que temos para elas, etc; em resumo, tudo menos o valor objectivo que esse trabalho tem no presente.

Em particular, num meio fechado como o Colégio, depois de um aluno ser "rotulado", carrega esse "rótulo" (para o bem ou para o mal) durante os restantes anos da sua vida colegial.

Se chega atrasado a uma aula e o "rótulo" é "positivo", leva uma admoestação verbal ou desce até 5 pontos; se o "rótulo" é "negativo", desce 10 a 25 pontos. Se o aluno ganha medalhas nos primeiros anos, aumenta a probabilidade de ganhar nos restantes; se não ganha nos primeiros anos, dificilmente lá chegará nos restantes.

Foi neste contexto que, já depois de passada metade do curso, dois alunos até aí "medianos" um dia decidiram: "a partir de hoje vou ser bom aluno".

O balanço final apresenta 3 medalhas de Ouro para cada um, revelando que, desse ponto de vista, os resultados foram plenamente atingidos.

Para além das dificuldades naturais associadas aos testes e aos trabalhos, estes alunos tiveram que ultrapassar os "rótulos" colocados pelos professores e oficiais, não beneficiando, na fase inicial do seu esforço, das "ajudas" habitualmente reservadas aos "medalháveis".

Pela intenção demonstrada, pelo esforço e pelos resultados atingidos, estes camaradas justificam a sua presença na minha galeria dos "Casos Notáveis". A história deles recorda-me que a vontade e o esforço são 90% das condições necessárias para o sucesso. Como dizem os nossos camaradas da farda azul, "querer é poder".

E o "rótulo" colocado pelos colegas, mudou com a mudança dos resultados?

A avaliação que o grupo faz de cada elemento depende da sua contribuição para o grupo, seja qual for a forma dessa contribuição. O "rótulo" de cada elemento depende, assim, do benefício que o grupo tira do sucesso individual desse elemento, e a correlação entre estes dois factores tem alguma tendência para ser negativa...

sábado, dezembro 09, 2006

Memórias do Baú LXXIV - Visita a Santa Margarida


"- Há 'Não-Fixes' à vista?"

Um grupo de "Fixes" especula sobre o impacto de um projectil de 105 mm do "M48A5 Patton" na Messe de Sargentos em plena hora de almoço... ;-)

terça-feira, dezembro 05, 2006

No Divã da "Enferma": os "Fixes" e os "Não-Fixes"

Para um curso habituado a viver em "anarquia", com várias facções mais ou menos organizadas e um futuro líder tacitamente aceite por todas, mas que não apareceu no início do 8º ano, passar a ter uma estrutura formal de liderança foi uma experiência... interessante.

Apesar desta estrutura formal, os circuitos de disseminação da informação continuavam a ser muito "ad-hoc", em função das relações estabelecidas no passado. Quando havia "coisas" para saber, havia sempre quem as sabia e quem não as sabia, formando dois grupos de dimensões semelhantes e relativamente estanques.

Quando realizámos uma visita de estudo ao Campo Militar de Santa Margarida, houve a necessidade de, por limitações logísticas, dividir o curso em dois grupos de igual dimensão, um dos quais almoçaria na Messe de Oficiais com o Comandante da Unidade, enquanto o outro almoçaria na Messe de Sargentos.

A divisão do curso ficou a cargo do Comandante de Batalhão, e os dois grupos resultantes representaram simbolicamente a divisão do curso, tendo sido "baptizados" de "Fixes" e "Não-Fixes".

A terminologia "pegou", e a partir desse momento era vulgar uma conversa entre "Não-Fixes" ser interrompida por causa da aproximação de um camarada, exclamando alguém "cuidado que este gajo é 'Fixe'!".

Enfim, brincadeiras... A brincar, a brincar... ;-)

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Memórias do Baú LXXIII - O "Cadastro" (Parte III)

Continuação de Memórias do Baú LXXII - O "Cadastro" (Parte II).

O Furto das "Guloseimas"


Estávamos no 2º ano, no fim do ano lectivo de 1978/79, e fomos para o Pavilhão dos Desportos (actual Pavilhão Carlos Lopes) treinar para o Sarau de Fim de Ano que se ia realizar no dia seguinte.

As diversas classes sucediam-se num ensaio geral especialmente demorado, devido aos últimos acertos, e o tempo era marcado essencialmente por duas sensações: tédio, porque para quem não estava a ensaiar não havia nada para fazer, e fome, porque a tarde já ia longa e não havia nada para comer.

Foi então que, como que "por magia", apareceram nas bancadas umas sandes de pacote que, depois de partilhadas, acabaram por servir para pouco mais do que "enganar" a fome. Apesar de não ter havido muitas perguntas, era óbvio para os presentes que as sandes tinham uma origem ilícita, e que isso nos podia trazer problemas.

O Sarau realizou-se, o ano lectivo acabou, e fomos todos para casa, ser pensar mais nas sandes. No entanto, no ano lectivo seguinte, o longo braço da justiça estava à nossa espera...

Iniciou-se então uma investigação especialmente complexa, devido ao número elevado de "arguidos" e ao facto de ter já passado algum tempo e já ninguém se lembrar (ou não se querer lembrar) muito bem do que tinha acontecido. As coisas ficaram ainda mais complicadas quando percebemos que a queixa apresentada referia uma dimensão muito superior àquela pela qual reconhecíamos ser responsáveis, o que deixava antever que tinha havido outros camaradas a ter a mesma ideia, ou que a queixa tinha sido propositadamente exagerada para a obtenção de uma compensação mais elevada.

Ao fim de vários meses, os oficiais acabaram por se render à evidência de que, face às variáveis em jogo, nunca iriam conseguir perceber exactamente o que tinha acontecido, e acabámos por nos "safar" apenas com uma repreensão escrita.

Houve dois aspectos muito relevantes para mim neste processo: em primeiro lugar, ficámos com um "peso na consciência" por termos feito uma acção que, para além de ter consequências disciplinares para nós, prejudicou a imagem do Colégio; em segundo lugar, ficou muito claro para nós que éramos todos responsáveis no mesmo grau, independentemente de quem furtou, quem vigiou, e quem só comeu, sabendo ou suspeitando de onde vinham. O texto da punição foi, aliás, igual para todos, referindo-se às sandes como "guloseimas", talvez para reforçar a censurabilidade do acto.

Há um ditado popular que diz que "tão ladrão é o que vai à horta, como o que fica à porta". A isto, a nossa experiência acrescentou "como o que, mesmo não metendo lá os pés, usufrui conscientemente dos produtos hortícolas furtados".

Continua em Memórias do Baú LXXVI - O "Cadastro" (Parte IV).

segunda-feira, novembro 27, 2006

Olhos Nos Olhos

Agora falo eu. Sim, é o Alvin, ex-402. Para quem se perguntava sobre o meu paradeiro, aqui estou, vivo e de boa saúde. Continuo o mesmo puto baixinho, brincalhão (agora com 40, uns quilitos a mais e uns cabelos a menos), como alguns de vós (do curso do Chagas, de 77) me conheceram melhor.

Sou polícia (irónico, não é?), casado, sem filhos e vivo em Linda-a-Velha, já desde 94, e vim para a grande metrópole em 92, por motivos profissionais (invariavelmente, todos os chuis passam por cá).

Embora me tenha desligado completamente do pessoal, acreditem que nunca me esqueci daqueles com quem vivi naquele Colégio (e reparem que o escrevo com letra maiúscula), tanto dos que recordo com saudade, como daqueles que más memórias me trazem. E para estar aqui é porque mantenho contacto com alguns desse tempo e também visito este blog. E foi precisamente por, com grande surpresa, me ver como tema de discussão, que resolvi “levantar o véu” e dar alguns esclarecimentos pessoais, para clarificar qualquer dúvida sobre o assunto em apreço.

De facto, todo aquele episódio dos “interrogatórios pidescos” foi terrivelmente marcante. Para mim e para outros, particularmente para o “Fozi”, com quem, devo dizer, tive um relacionamento porreiro. Para este último, que era um aluno de excepção (conduta e aproveitamento), foi imperdoável o que lhe fizeram. Conspurcaram o verdadeiro espírito do Colégio Militar num inocente, de forma brutal e asquerosa. A minha sincera pena e solidariedade, Fozi. Também um grande abraço para o 376 – Lopes (de cuja alcunha já não me lembrava – tive que ir à enciclopédia colegial, i.e. Chagas).

Continuando… Quanto a mim, que já era suspeito do costume (porque andava sempre na berlinda por tudo e mais alguma coisa – sim, fui muito massacrado!), portanto se calhar até andava a pedi-las e paguei por aquela que não tinha cometido e por outras que tinha cometido. Só quero que fique bem claro mais uma vez que tudo aquilo que alguns passaram naquela episódio de má memória, não é da minha culpa. Eu não era flor que se cheirasse, é certo, mas o que eu e outros (miúdos) passámos foi realmente degradante para aquela casa secular, ícone de tradição, honra e cavalheirismo. Os alunos graduados que lideraram todo aquele enredo também mereciam uma coisa que eu cá sei.

Posso garantir-vos que em 14 anos de profissão já vi muita merda e muito facínora (e trabalhei nalguns dos piores sítios, acreditem) e sei reconhecer a maldade quando a vejo. E ali, meus caros, houve despotismo e maldade pura – não tentemos amenizar. Caso se perguntem, não, como polícia nunca o fiz e nunca permiti que o fizessem com o meu conhecimento. Mas este tema já foi debatido amplamente, não quero tocar-lhe mais, pois já bastaram estes anos todos a tentar esquecê-lo.

Outro esclarecimento é o seguinte: eu fui, claro, convidado a sair do Colégio, não saí por iniciativa própria. De qualquer forma, acho que não suportaria a vergonha de lá continuar, dadas as circunstâncias do meu passado em relação a furtos que tinha cometido. Não o escondo – é verdade.

A minha consideração final é a seguinte: de facto, o Colégio Militar não se faz destes tristes episódios, nem desta minoria que fracassa nestes dois aspectos: comportamento e/ou aproveitamento escolar. E eu sou o primeiro a atestá-lo. Não queria que o meu caso fosse divulgado, pela vergonha que persiste em ensombrar-me. Mas vivo com isso e não me atormenta propriamente, pois já passou algum tempo (20 anos) e arrogo-me o direito de regeneração – perdão ficará à vossa consideração. Quero sim dizer que, até eu, que vivi 7 anos que abarcaram parte das minhas infância e adolescência, e que cometi muitas argoladas, sinto hoje que nem tudo se perdeu. Aquela casa incutiu-me realmente valores, que me têm valido ao longo da vida. Eu noto a diferença entre a minha forma de estar e a dos outros, nos mais diversos aspectos. Por isso, agradeço tudo o que o Colégio Militar me ensinou de bom e quero esquecer os aspectos negativos. Aquela casa não morreu para mim, e especialmente os meus camaradas de curso adoptivo (os de 77), por ter sido repetente. Espero ainda vir a dar um valente abraço a muitos deles, se os voltar a ver, como já aconteceu nalguns casos. A lagrimazita vai vir, da força da emoção.

------------------

Texto enviado para publicação pelo Alvin, na sequência dos acontecimentos referidos nos comentários do "post" No Divã da "Enferma": O Botão Encarnado.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Memórias do Baú LXXII - O "Cadastro" (Parte II)

Continuação de Memórias do Baú LXIX - O "Cadastro" (Parte I).

A segunda secção do "cadastro" continha, para cada ano lectivo, o ano, a turma, a companhia, o aproveitamento e o comportamento.


A informação sobre o comportamento era a mais importante em termos da avaliação rápida das características de um aluno por parte de um oficial novo na companhia. Os oficiais tendiam a julgar os alunos em função do seu comportamento anterior, levando à criação de ciclos viciosos ou virtuosos, mediante os quais o comportamento anterior tinha a tendência a repetir-se no futuro.

Esta secção livrou-me de algumas punições "menores" (atrasos e afins), que eram geralmente convertidas em repreensões verbais.

Para além de um "B" (no 3º período do 3º ano) perdido no meio de uma série de "MBs" (a explicar mais tarde), há a referir a mudança de padrão na entrada para a 4ª companhia, onde a manutenção de "MB" seria considerada um desalinhamento com o espírito reinante... ;-) Felizmente consegui fazer a 4ª toda sem um único "MB"...

Continua em Memórias do Baú LXXIII - O "Cadastro" (Parte III).

sábado, novembro 18, 2006

Um Ano de "Blog" - Um Balanço

Do Que Eu Gostei Mais

A primeira "série por episódios": L. A. C. - Liga Anti-Cavalo. Ajudou a definir a direcção para o "blog".

A primeira "Memória do Baú" pouco vulgar: Memórias do Baú V - A Planta da Camarata. "Este gajo guardou isto?" Pois é.

O primeiro trabalho gráfico: As Medalhas Que Ninguém Ganhou. Divertido e útil... ;-)

As primeiras inovações face à estrutura tradicional de um "blog": Índice Temático e Os Comentários. Um dia, todos os "blogs" serão assim. ;-)

A primeira polémica: Um Homem Não Chora(va). Foi também a única que consegui prever.

O primeiro trabalho de investigação: O Aluno com Maior Percentagem de Medalhas Conquistadas. Como qualquer trabalho de investigação, deu trabalho e ninguém ligou. :-(

O primeiro "mega-hit" em termos de visitas e comentários: No Divã da "Enferma": O Botão Encarnado. Uma polémica inesperada que "apaixonou" a audiência.

terça-feira, novembro 14, 2006

Memórias do Baú LXXI - Edição de Aniversário

No dia em que passa um ano desde o primeiro "post" deste "blog", gostava de escrever sobre o processo de selecção e tratamento das memórias.

Ao contrário do que é sugerido em alguns comentários dos visitantes, a minha memória é fraca: vinte anos de vida académica, familiar e profissional acabaram por "escurecer" e "distorcer" as minhas memórias dos tempos do Colégio.

De cada ano que lá passei ficaram alguns episódios pontuais, sobretudo os associados aos momentos mais marcantes que vivi, aos amigos que fiz e a alguns objectos que guardei.

A selecção de memórias a desenvolver e publicar exige, assim, um esforço grande em termos de "pesquisa mental", com o qual vou alimentando um "banco de ideias" que considero serem merecedoras de abordagem no "blog".

Uma vez identificado um tema que considero interessante desenvolver, o mesmo anda na minha cabeça durante dias ou semanas, até finalmente começar a ficar mais claro e com contornos mais nítidos.

Nesta fase, começo a escrever os primeiros esboços, que vão progressivamente convergindo para a versão final. Tenho sempre a consciência de que o resultado final vai ser bastante incompleto, mas o meu objectivo é simplesmente o de despertar a mesma memória em outros ex-alunos, para que possam complementar o meu texto.

Tenho geralmente o cuidado de deixar "nebulosas" algumas áreas da memória, pois há temas que são sensíveis para terceiros, e prefiro que sejam estes a abordá-los (se assim o entenderem).

Após a publicação, cabe aos visitantes utilizar os comentários para melhorar a qualidade da memória, quer corrigindo algumas incorrecções, quer fazendo luz sobre aspectos não abordados.

O resultado final, não tendo a vivacidade das memórias do passado recente, permite-nos "rever" os acontecimentos e relembrar as sensações do passado.

Em alguns casos, a informação acrescentada é de uma tal riqueza em termos de detalhe que a memória ganha uma "cor" que já não tinha, e é quase como se a estivéssemos a viver no presente.


Os meus motivos para manter o "blog", após um ano de operação, são significativamente diferentes dos motivos iniciais.

Porque escrevo, então?

Em primeiro lugar, para me recordar e para não me esquecer. Em segundo lugar, para recordar com os ex-alunos meus contemporâneos os bons tempos que passámos no Colégio. Em terceiro lugar, para dar aos alunos e restantes ex-alunos uma visão do que era o Colégio "no meu tempo".

Quero aproveitar este "post" de aniversário para agradecer a todos os que, com os seus comentários, têm tornado as minhas memórias mais "nítidas" e com mais "cor". Infelizmente, não há uma cultura de acompanhamento regular de "blogs" (apesar das ferramentas que actualmente existem para facilitar esse acompanhamento) nem uma cultura de participação, o que faz com que o meu objectivo de melhoria da memória pela discussão seja, na maior parte das vezes, uma "miragem".

A Fotografia

A fotografia publicada não foi passada para o papel na altura da revelação, devido a estar muito escura. Utilizando um scanner e algumas funcionalidades básicas de um software de edição de imagem, foi possível chegar a uma versão que permite ter uma visão (ainda que de má qualidade) da cena fotografada.

A fotografia faz conjunto com as duas já publicadas em Memórias do Baú XXVI - Frases Lapidares e Memórias do Baú XXVII - Frases Lapidares.

Fotografados: 357/77 e ??? - talvez as outras duas fotografias contenham algumas pistas... aquela "pernoca" no ar tem o estilo da Classe Especial... ;-)

quinta-feira, novembro 09, 2006

A "Guerra das Turmas" (Parte IV)

Continuação de A "Guerra das Turmas" (Parte III).

A Explicação

Como explicar as características tão diferentes em termos de aproveitamento e comportamento entre três turmas definidas com base em critérios administrativos?

Comecemos pela Turma A. A Turma A era... - como dizê-lo?... - a turma dos gajos que escolheram Francês. Já na altura ninguém no seu perfeito juízo escolhia Francês, e os resultados estão à vista...;-)

Concentremo-nos então na diferença entre as Turmas B e C.

Quem escolhia os números para os filhos? Alguém que tinha ligação ao Colégio - ex-alunos, oficiais, professores -, alguém que queria que o filho tivesse o número de um ex-aluno ilustre, ou um oficial de alta patente a quem o Colégio sugeria essa possibilidade. Em qualquer dos casos, e porque o contingente do Batalhão Colegial esteve em crescimento até meio da década de 70, havia grande probabilidade de o número escolhido ser um número baixo.

A Turma B tinha, assim, uma maior percentagem de filhos de pessoas com maior ligação ao Colégio e/ou com maiores expectativas face ao mesmo.

Os alunos da Turma B não seriam, em termos estatísticos, melhores ou piores do que os da Turma C; tinham, no entanto, uma maior necessidade de corresponder às expectativas dos pais, o que tinha consequências ao nível do comportamento e da atitude face à aprendizagem (atenção nas aulas), com implicações ao nível do aproveitamento escolar.

Com o passar dos anos as diferenças foram-se esbatendo, até que o 5º ano mostrou a verdadeira relação de capacidades entre as turmas... ;-)

domingo, novembro 05, 2006

Memórias do Baú LXX - "Área Reservada"


A Secretaria

O "vigilas" parte, o graduado chega...

Depois de um dia de trabalho, os "vigilas" voltavam para casa, e era a vez dos graduados se aventurarem nesta "área reservada".

Para além do material escolar (capas, cadernos, material de desenho, etc) - sempre deixado tal como estava -, pouco mais de interessante havia, pelo que as visitas se limitavam ao "eu estive aqui".

Fotografados: 401/77, 207/78 e 357/77.

Para acederes ao "post" anterior sobre a "Área Reservada", clica aqui.

Para acederes ao "post" seguinte sobre a "Área Reservada", clica aqui.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Resumo de Setembro e Outubro de 2006

Este "post" faz o resumo da actividade do "blog" em Setembro e Outubro de 2006.

No tema Histórias do Meu Tempo de Colégio, há a destacar a estreia da série No Divã da "Enferma". O "post" de estreia, O Botão Encarnado, gerou um conjunto de comentários muito interessantes, terminando com um do Jags que reproduzi no "post" Os Alunos Fazem o Colégio. A não perder. Outros "posts" publicados neste tema: As "Minhas Crianças", Que Pesos, Que Medidas? e "Área Reservada".

No tema Memórias do Baú, para além de mais uma Requisição e uma Redacção, há a destacar as memórias sobre O Estudo, O Bar, O Durão, o "3 de Março" de 1985 e O "Cadastro".

No tema A Actualidade, foram publicados "posts" sobre A Imposição de Graduações e Os Cyber-Graduados.

No tema O "Blog", foi publicado um "post" em Sueco (Tacka Dig För Ditt Besöker), dedicado às muitas Suecas que visitam o "blog". O Freitas deve ter um sucesso brutal na Suécia, e o "blog" dele tem uma ligação para este "blog", através da qual vêm 16% das visitas.

Merecem sempre destaque no "blog" o Índice Temático e os Comentários.

Se preferirem, podem iniciar a exploração pela página inicial.

Agradeço comentários/sugestões.

domingo, outubro 29, 2006

Os Cyber-Graduados (Parte III)

Preâmbulo para os Visitantes Regulares do "Blog"

Os visitantes regulares devem estar a pensar "não me lembro de ter visto as Partes I e II deste tema, como é que surge agora a Parte III?".

De facto, essas partes foram publicadas, mas não as identifiquei como tal, ou seja, embora o conteúdo estivesse alinhado dentro do tema, os títulos eram enganadores.

Considerem, então, os seguintes links para as partes anteriores: Os Cyber-Graduados (Parte I) e Os Cyber-Graduados (Parte II).

Feito este esclarecimento, quase não valia a pena escrever a Parte III, por se tornar demasiado óbvia. Ainda assim, optei por escrevê-la. Peço então a vossa atenção para...

O "Post" Propriamente Dito

O ano de graduado pode ser um ano espectacular, no qual se estabelece um conjunto de ligações aos "putos", que oscilam entre a amizade e a admiração (por parte deles, claro).

Acabado o ano, custa perder a ligação. Há a sensação de que podemos continuar a ajudá-los, mas também a sensação de que precisamos deles, em especial num ano em que todas as nossas referências mudam.

Tal como referi no "post" anterior desta série, antigamente era quase impossível manter a ligação. Não havia telemóveis, não havia e-mail e o Colégio dificultava ao máximo a vida aos ex-alunos. Mas hoje as coisas são diferentes: a Internet traz um potencial enorme de comunicação, e é assim possível manter o contacto com os antigos comandados.

E é aqui que as coisas se complicam. A manutenção do contacto pode levar, ainda que involuntariamente, à manutenção de uma influência que colide com a esfera de actuação dos actuais graduados. Em alguns casos, há mesmo ingerência ou críticas ao trabalho dos actuais graduados, levando a acções de "retaliação" (os graduados actuais desvalorizam o papel dos antigos) e a um ambiente desagradável.

Os Cyber-Graduados. Mais uma realidade a que o Colégio terá que se adaptar...

quarta-feira, outubro 25, 2006

Memórias do Baú LXIX - O "Cadastro" (Parte I)

A Identificação

A secção inicial do "cadastro" era a da identificação. Nesta, para além do nome completo, do número, da data de nascimento, da fotografia e da naturalidade do aluno, havia informação sobre o Pai, a Mãe e o Encarregado de Educação.


A informação sobre o nome e a profissão do pai era essencial. Afinal de contas, podia ser o "catalisador" para passar do modo "vou esganar aquele palhaço!" para o modo "lá vou ter que advertir outra vez o filho do Coronel Não-Sei-Quantos", muito mais pedagógico.

Quanto à informação sobre a mãe, há um dado curioso... tinha a data de nascimento (certamente para ver se ainda "marchava"), mas não tinha a profissão. Obviamente que era doméstica. (E se fosse professora primária?)

O "cadastro" actual terá certamente muito mais informações sobre a mãe, nomeadamente o estado civil e o nº do telemóvel, para que o Comandante de Companhia possa ligar às mães divorciadas para fazer relatórios sobre a adaptação dos "ratas"... ;-)

Continua em Memórias do Baú LXXII - O "Cadastro" (Parte II).

sábado, outubro 21, 2006

"Área Reservada"

A adolescência traz geralmente consigo a necessidade de testarmos os nossos limites e/ou impressionarmos os outros, o que implica quebrar regras e correr riscos desnecessários.

No Colégio, esta característica era exercitada através de um conjunto de actividades "piratas", tais como "cavanços" (muitas vezes só "porque sim") e passeios diurnos ou nocturnos a locais onde a presença de alunos não era autorizada ("Áreas Reservadas").

Cada aluno tinha o seu "perfil de risco", ou seja, uma tipificação das actividades não autorizadas cujo risco estava disposto a suportar.

Nível Zero - os alunos deste nível não estavam dispostos a correr qualquer risco. Havia sempre uma dor de barriga que os impedia, à última hora, de se juntarem ao resto do grupo...

Nível Baixo - os alunos deste nível estavam dispostos a correr riscos que representassem punições até 10 pontos. Dava para levar um olhar "de través" por parte do pai, mas provavelmente ainda dava para ter "Bom" em comportamento.

Nível Médio - os alunos deste nível estavam dispostos a correr riscos que podiam chegar ao "Suficiente" em comportamento, com a consequente perda das medalhas (se fossem candidatos).

Nível Elevado - os alunos deste nível estavam dispostos a correr riscos que podiam chegar ao convite para sair ou à expulsão.

Havia factores que permitiam reduzir o nível de risco, nomeadamente:

1) Ser filho ou neto de Alguém, ou estar acompanhado pelo filho ou neto de Alguém;

2) Ter o "cadastro" mais "brilhante" do que o chão encerado do Paço Ducal de Vila Viçosa (no qual eu me "espalhei" numa visita de estudo no 2º ano, tendo partido a minha máquina fotográfica);

3) Escolher adequadamente a data e a hora para a transgressão, em vez de a fazer "por impulso".

O nível de risco que eu assumia era, na generalidade, baixo. Sempre quis ser tratado como um "homenzinho" pela minha família, e isso implicava apresentar um comportamento responsável e tentar aparecer todos os anos em casa com mais uma medalha. Nas poucas ocasiões em que assumia mais riscos, tomava geralmente algumas medidas associadas ao factor 3 acima indicado, de forma a minimizar a possibilidade de desfechos "dramáticos".

O meu acto mais arriscado no Colégio terá possivelmente sido a "reportagem fotográfica" no telhado (publicada nas Memórias do Baú nºs XXIX, XXX e XXXI). É pouco, eu sei, mas foi o que se arranjou... ;-)

quinta-feira, outubro 19, 2006

Os Alunos Fazem o Colégio

Este texto foi publicado pelo Jags como comentário num canto obscuro deste "blog" (No Divã da "Enferma": O Botão Encarnado). Como nem todos os visitantes têm paciência para explorar os cantos do "blog", e muito menos os obscuros, achei por bem puxá-lo para a luz, com a devida vénia.

----------------------------------------

Na reunião dos 25 anos de entrada do Curso de 1977/85, em 2003, houve um breefing no Auditório, em que foi visionado um CD relembrando fotograficamente muitos e variados momentos do Curso, e também foi visionado em vídeo, uma intervenção de uma Sra. Deputada do PP na Assembleia da Republica, (que me perdoe por já não me lembrar do seu nome), evocativa da Comemoração dos 200 anos da Fundação do Colégio Militar.

Nessa intervenção, a Sra. Deputada - por sinal, mãe de dois alunos do CM - referiu a dado passo que o Colégio é auto-regulador e auto-regulado.

Ou seja, possui e possuirá sempre, as ferramentas humanas e de qualquer outro âmbito, necessárias e suficientes, para se auto-equilibrar, auto-preservar, auto-modernizar.

Essas ferramentas éramos nós, eram os camaradas que nos antecederam, são os camaradas que actualmente cumprem o seu tempo e marcham pelo Colégio.

... e serão inevitavelmente os futuros camaradas que tenham a coragem de querer pertencer ao Colégio - porque é tanga, aquela velha história de “o meu pai obrigou-me a vir para o Colégio”; só entrou e entra, quem quis ou quer - optimisticamente sentindo que serão bastantes em tempos vindouros, após o Colégio conseguir atingir um novo equilíbrio e posicionamento na Sociedade e Cultura Portuguesas.

Os alunos fazem, sem dúvida, o Colégio.

Chegou-se a ouvir dizer: “Os graduados fazem o Colégio.”

Talvez seja mais avisado considerar que TODOS os alunos - e não só os graduados - caracterizam num dado momento, e moldam e transformam o Colégio.

Bons, maus, fortes, fracos, básicos, sofisticados, cosmopolitas, provincianos, castiços, fleumáticos, ecléticos, desportivos, redondos, quadrados, brancos, pretos, activos, pró-activos, todos por um... sentimento comum.

O de, por um breve período da sua vida, ainda que talvez o mais importante na formação de um carácter, pertencerem a uma comunidade de irmãos, uma élite e uma mole humana, ligados pela necessidade, pela amizade, pela proximidade, pelo exemplo, pela honra, pela defesa de valores e pelo inevitável, e muitas vezes tortuoso, processo de crescimento.

Por outro lado, os irmãos, por mais próximos que sejam, também se batem, sofrem, se odeiam por vezes, discutem, discordam, debatem, competem....é o carácter dualista das relações fortes.

Quem lê diários, Calixtos, livros, sebentas, ordens de serviço, até os gatafunhos das portas das casas de banho, e outros documentos, sobre a vida colegial em meados do Século XIX, no início do Século XX, nas décadas de 1940-60, nas décadas de 1970-90 e na actualidade, encontra sem margem para dúvidas, realidades completamente diferentes.

No entanto, realidades ligadas por um conjunto de valores comuns, pelo menos a partir de um dado período (início do Século XX) em que o Colégio Militar revelava já alguma maturidade e estabilidade, como instituição.

Mas foram os Alunos que, pouco a pouco, foram gerando esse conjunto de valores. Com as boas e más experiências que acumulavam durante os períodos em viviam, o, e no Colégio. Porque se vivia o Colégio, e no Colégio.

Quando alguém de fora perguntava: De onde é que tu és? Onde é que vives? A primeira reacção instintiva seria dizer: Lisboa, Largo da Luz. Mas depois, racionalmente, verbalmente, corrigia-se para a morada de família.

Não confundir valores, com tradições.

Há boas e há más tradições no Colégio, e isto tem de ser dito, como as há no universo universitário, no mundo empresarial, no seio da Cultura e da Família, portuguesas - como células que são, da Sociedade.

Os valores do Colégio Militar são reconhecidamente válidos em todo o Mundo, de tal forma que muitas outras instituições de Educação Militar e Internatos não-Militares, em Portugal, e pelo Mundo fora, fundadas à posteriori do CM, adoptaram grande parte dos princípios, valores e apanágios que o caracterizam. Foi um "plágio" positivo. Que só nos deve merecer motivo de orgulho.

As tradições, nem todas são positivas, como aliás é de compreender. São de respeitar, até certo ponto, desde que não retirem ou depreciem a dignidade de quem as cumpra, ou seja por elas afectado.

Não confundir, por seu lado, tradições, com práticas.

A contribuição da Tradição e os valores, são como que, a Estratégia.

As práticas, são a Táctica.

Ora o Colégio assistiu a muitas adaptações filosóficas e não filosóficas, da teoria da Táctica - ou seja da aplicação prática dos valores de vivência em colectivo, educação, disciplina, espírito de corpo, camaradagem, patriotismo e cidadania.

Uma boas, outras aceitáveis, outras más, e outras deploráveis.

Julgo que ficou suficientemente ilustrado os resultados de más práticas - más Tácticas - afinal de contas, até porque na maioria das vezes, os resultados das mesmas, eram nulos ou quase nulos.

É esse o objectivo e o interesse de as expor. As boas e as más.

Porquê só as boas? Por acaso o mundo, cá fora, é um mar de rosas? Não, longe disso.

Mesmo que se conseguisse criar um Colégio utopicamente perfeito em termos de educação e práticas, será que isso, por si só, prepararia convenientemente um adolescente para entrar no mundo real, no maquiavélico mercado empresarial, na selva universitária, ao chegar aos 18 anos ao pára-raios da Cúpula e começar a “ver por cima do muro”?

Acordar consciências, relembrar esquecimentos, orientar agentes decisores, encorajar vocações, novas formas de servir, e, de dialogar.

Registe-se.

terça-feira, outubro 17, 2006

Memórias do Baú LXVIII - "3 de Março" - 1985


Ensaio geral.

Tudo planeado ao detalhe, incluindo a utilização de luvas castanhas para treinar a perda de sensibilidade característica da utilização das luvas brancas da farda de gala.

Os pelotões eram refeitos, privilegiando a correcta ordenação das alturas face às rotinas estabelecidas nos alinhamentos. Uma opção questionável, mas que todos os anos cumpríamos sem questionar.

Para acederes ao "post" anterior sobre o "3 de Março" de 1985, clica aqui.

Para acederes ao "post" seguinte sobre o "3 de Março" de 1985, clica aqui.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Que Pesos, Que Medidas?

Imaginem que estamos no 1º mês de um qualquer ano lectivo, com um Comandante de Companhia (Oficial) novo, e que um aluno chega dez minutos atrasado a uma aula.

Como é que o Comandante de Companhia se decide quanto à punição a aplicar, dentro do largo espectro que vai da repreensão verbal aos 25 pontos negativos (posteriormente agravados pelo Comandante do Corpo de Alunos)?

Como é que o Comandante de Companhia percebe se está perante um aluno exemplar que teve um deslize, provavelmente motivado por uma queda de granizo com pedaços de gelo do tamanho de bolas de ténis, ou perante um agente subversivo que esperou propositadamente que o tempo passasse, e que deve ser exemplarmente punido?

Apresento-vos o "cadastro" - um processo confidencial, que acompanha cada aluno ao longo da sua vida colegial, e que contém toda a informação relevante: identificação, filiação, problemas de saúde crónicos, comportamento, referências elogiosas, punições, presenças no Quadro de Honra, medalhas, etc.

Graças ao "cadastro", a Justiça colegial não tem apenas dois pesos e duas medidas, como qualquer Justiça "normal", mas sim um peso e uma medida para cada aluno, contribuindo para um ambiente verdadeiramente personalizado.

Assim, um processo que poderia injustamente terminar de forma dramática, pode acabar simplesmente com um "e manda um abraço ao teu pai da minha parte", enquanto que um processo que se poderia ficar pelos 4 pontos negativos acaba com o justo agravamento pelo Comandante do Corpo de Alunos e, quem sabe, pelo Sub-Director...

terça-feira, outubro 10, 2006

Memórias do Baú LXVII - As Redacções


Autor: 360/84.

Uma opinião "isenta" de um "rata" do meu pelotão... ;-)

Para acederes ao "post" anterior sobre as Redacções, clica aqui.

Para acederes ao "post" seguinte sobre as Redacções, clica aqui.

sábado, outubro 07, 2006

Memórias do Baú LXVI - "3 de Março" - 1985


- "UM 'hip' DOIS 'hip' TRÊS 'hip' QUATRO" - gritavam os alunos em uníssono, marcando os tempos correspondentes às diferentes posições no manejo de arma.

A repetição exaustiva dos movimentos, primeiro com uma contagem em voz alta sem arma, depois com uma contagem em voz alta com arma e, finalmente, com uma contagem "para dentro" com arma, contribuíam para um resultado perfeito: num Batalhão com cerca de 500 alunos, não havia uma única arma fora do sincronismo desejado, nem sequer nos movimentos mais complexos.

Os movimentos eram pacientemente decompostos em cada uma das suas posições, nas quais se faziam paragens, por vezes prolongadas, para vincar o braço paralelo ao chão, o cotovelo a 90º, a necessidade de não deixar a coronha da arma bater no chão, etc.

Havia também que treinar os músculos para o esforço que representava estar largos minutos em "apresentar arma". Por exemplo, na cerimónia de Imposição da Ordem do Rio Branco (Brasil), no "3 de Março" de 1982, foram tocados em sequência os Hinos de Portugal e do Brasil (e se o Hino do Brasil é grande...), e depois dos Hinos, foi necessário ter energia para voltar ao "ombro arma" marcando bem o primeiro movimento, no que constituía provavelmente a transição mais difícil de todo o manejo de arma, especialmente com a Mauser, à qual era necessário fazer uma rotação de 180º, levantando o braço direito de uma posição esticada para baixo e em esforço, para uma posição à altura dos olhos e paralela ao chão. Só de descrever, fiquei com dores nos braços...

No final dos treinos, apesar do cansaço, havia a sensação de se estarem a fazer progressos em termos individuais e de grupo, mesmo quando alguns Oficiais ou Graduados optavam pela psicologia negativa para reforçar o nosso empenho na vez seguinte: "Isto está uma merda! Para a próxima vez fazemos o dobro do tempo!". No fundo, nós conseguíamos perceber nos olhos deles se as coisas estavam ou não a correr bem.

Um aspecto adicional que tinha que ser treinado para o “3 de Março” era o do reconhecimento dos toques do clarim. Esse reconhecimento era facilitado recorrendo à utilização de expressões que, fora do contexto militar, podem ser consideradas ofensivas por algumas pessoas. No Colégio, era simplesmente uma forma eficaz de memorizar os toques, e parece-me que estou a ver o Comandante do Corpo de Alunos aos berros no campo de futebol de 11 a relembrar os mais distraídos que o toque de “Ena c’um c@%@&/(), já!” correspondia a “Se-e-e….op!”, pois era a mnemónica menos óbvia, já que em "É pá, põe-me essa merda no ombro, já!" e "Apresenta-me essa merda, já!" não havia grande possibilidade de erros de interpretação.

Para acederes ao "post" anterior sobre o "3 de Março" de 1985, clica aqui.

Para acederes ao "post" seguinte sobre o "3 de Março" de 1985, clica aqui.

quarta-feira, outubro 04, 2006

No Divã da "Enferma": "As Minhas Crianças"

Fim do 8º ano. Ia deixar de pisar as pedras dos Claustros, deixar de usar a farda cor-de-pinhão, etc, etc, etc, mas para tudo isso eu já estava preparado. A vida é feita de ciclos, e eu já me tinha consciencializado de que havia um que estava a terminar e outro que estava a começar, e que a melhor forma de encerrar bem um era começar bem o outro.

Mas havia uma coisa para a qual eu não estava completamente preparado: deixar de ser graduado.

Durante vários meses convivi com aqueles a quem eu me referia (e me refiro ainda) como "as minhas crianças". Receber umas dezenas de "ratas", miúdos assustados e ingénuos, e transformá-los em "Meninos da Luz", foi das tarefas mais gratificantes que já realizei na minha vida. Quando eu for emocionável (inevitavelmente, com a idade, isso vai acontecer), esta memória será certamente uma das que mais me vai emocionar.

Terminado o ano lectivo, o que estava feito, estava feito... Imaginava o que faria se tivesse a oportunidade de voltar a ser graduado: seria certamente "o melhor graduado do mundo"... Puro engano. Acima de tudo, há que trabalhar em equipa, e quanto mais um graduado procura destacar-se dos outros pela positiva, mais contribui para a quebra do trabalho em equipa.

Acima de tudo, angustiava-me a quebra abrupta de ligação às "minhas crianças". Terminado o ano lectivo, eles iriam para férias; quando voltassem, no início do ano lectivo seguinte, teriam novos graduados, e depois outros, e mais outros... tudo isto, conjugado com a política colegial de "ex-alunos? não, obrigado", levava a uma conclusão inexorável: ia perder "as minhas crianças" para sempre.

E perdi.

E tinha mesmo que perder.

O modelo do Colégio é mesmo assim. Para que todos os cursos de graduados tenham a possibilidade de desenvolver o seu trabalho e deixar a sua marca nos alunos mais novos, num trabalho de continuidade, os graduados antigos têm que "sair do caminho". Não precisam de "desaparecer do mapa" (nem convém que o façam, pois é importante para os alunos mais novos perceberem que os princípios que lhes foram transmitidos estão a ser aplicados com sucesso fora do Colégio), mas precisam de deixar o espaço de liderança e formação ao curso seguinte, tal como o receberam do curso anterior, sem "superioridades morais" nem conselhos "paternalistas".

No meu tempo, isto era uma inevitabilidade.

E se não fosse?

-----

Comentário acrescentado em Outubro de 2014: este post foi inspirado num graduado que teimava em não deixar de o ser, prolongando o seu comando nos anos seguintes através da "blogosfera". Há um tempo para ser graduado, e um tempo para deixar os outros serem graduados.

domingo, outubro 01, 2006

Memórias do Baú LXV - As Requisições


Chega um novo ano lectivo, e com ele uma nova vaga de "ratas".

Que material irão requisitar? ;-)

Para acederes ao "post" anterior sobre as requisições, clica aqui.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Memórias do Baú LXIV - "3 de Março" - 1985


Chegava finalmente o "3 de Março", a primeira cerimónia dos "ratas".

Pelo caminho ficavam horas de treino de ordem unida e de marcha em "frente de 6" com a arma ao ombro.

Mas os treinos, sendo duros, já não eram tão duros como nos meus primeiros anos, graças a uma importante inovação...

Algures a meio do meu percurso no Colégio, alguém teve a ideia de colocar os pelotões a marchar na parada tendo como frente a dimensão mais larga, em vez da mais estreita. "Trocando por miúdos", os pelotões deixaram de marchar na habitual e "confortável" configuração de "frente de 3", e passaram a marchar na configuração de "frente de n", sendo que o n, para os pelotões do 1º ano, podia ir até 14.

Aqui está um exemplo do espírito prático da Instituição Militar: sem alterar a estrutura dos pelotões, todas as semanas se treinava para o "3 de Março", numa configuração mais difícil do que a real. E, quem habitualmente alinha em "frente de 14", muito mais facilmente alinha em "frente de 6".

De facto, há que reconhecer que os resultados eram impressionantes. Já não eram necessários os infindáveis Kms de treinos na Avenida Marechal Teixeira Rebello, que substituíram as infindáveis voltas ao Estádio da Luz dos meus primeiros anos.

Resumindo: uma ideia simples, mas... eficaz.

Para acederes ao "post" seguinte sobre o "3 de Março" de 1985, clica aqui.

domingo, setembro 24, 2006

Memórias do Baú LXIII - O Bar


O objectivo original das senhas do bar era o de os alunos poderem fazer compras sem usar dinheiro, uma vez que as senhas seriam compradas utilizando requisições brancas. Na prática, os alunos acabavam por comprar as senhas com dinheiro, o que inviabilizava todo o modelo montado.

Assim, sempre que um aluno queria ir ao bar, tinha que ir antes à secretaria e comprar as senhas, para depois poder ir ao bar comprar o que desejava.

Se, aparentemente, as consequências deste modelo se limitavam à perda de tempo, na prática a situação era mais caricata: como as senhas só eram vendidas em ocasiões específicas, muitas vezes os alunos viam-se na situação de terem dinheiro no bolso mas não poderem comer nada.

Para acederes ao "post" anterior sobre o Bar, clica aqui.

segunda-feira, setembro 18, 2006

A Imposição de Graduações

Realizou-se na passada 6ª feira a cerimónia de Imposição de Graduações.

Este ano há neste tema duas novidades importantes:

1) As graduações passam a ter, na face posterior, a indicação do prazo de validade (no caso presente, "Válido até Jun/07").

Esta medida torna-se necessária na sequência de incidentes verificados no passado recente entre alunos e ex-alunos que reclamavam ter as mesmas funções e responsabilidades, já que tinham a mesma graduação.

Desta forma, perante novos incidentes que se verifiquem, os alunos mais novos deverão consultar a face posterior das graduações dos indivíduos em questão e verificar qual das graduações se encontra dentro do prazo de validade, ficando assim esclarecido que instruções devem ser cumpridas.

2) As graduações passam também a ter, igualmente na face posterior, um holograma de segurança, para impedir que a medida anterior seja um incentivo à contrafacção.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Memórias do Baú LXII - O Durão


O Durão é um exemplo de tenacidade e de dedicação ao Colégio como há poucos, e que eu tive sempre como uma referência pessoal.

Sempre que vejo alguém a recuar perante as dificuldades (ou até a inventá-las) para atingir um objectivo, lembro-me de um homem que, tendo uma limitação física teórica, nunca deixou que essa limitação tivesse repercussões na prática, levando uma vida absolutamente normal.

No que toca à exteriorização do seu amor pelo Colégio, poucos há que o façam de uma forma tão empenhada, quer através da sua acção como professor, quer através dos poemas que escreve e declama com paixão.

A fotografia anexa exemplifica a capacidade de adaptação do Durão face às dificuldades: perante o aparecimento de chuva numa aula de desporto com provas de lançamento do peso, a mesma era transferida para o geral da Companhia, passavam a utilizar-se os pesos de borracha com esferas metálicas no interior, e a distância era medida em... mosaicos.

Na fotografia, o Durão conta os mosaicos para medir o lançamento de um aluno.

domingo, setembro 10, 2006

No Divã da "Enferma": O Botão Encarnado

Estávamos no início do ano lectivo, quando o curso se reuniu pela primeira vez para analisar um tema em relação ao qual se impunha a decisão de premir ou não o botão encarnado.

Durante a análise da situação, ficou claro que havia diferentes níveis de domínio da informação por parte dos elementos do curso - alguns (entre um terço e metade) pareciam ter toda a informação, enquanto outros estavam completamente "a leste". Não dei muita importância a este facto na altura, mas viria a entendê-lo mais tarde.

Após diversas intervenções, havia decisões para tomar. Íamos premir o botão? Se sim, íamos premí-lo de imediato ou esperar algum tempo?

Após a votação, ficou decidido que íamos premir o botão, mas que, face às consequências, só o íamos premir mais tarde (o timing ficou definido). Estavamos (aparentemente) a funcionar como curso.

No dia seguinte, o botão foi premido.

Nunca chegámos a fazer uma reunião para perceber como é que uma decisão que tomámos como curso foi "torpedeada". Ouvi dizer que o botão "se tinha premido", ou que tinha sido premido por desconhecidos, mas a explicação mais plausível apontava para alguns "papagaios de pirata"(*) que, não contentes com o resultado da votação, resolveram agir. Aparentemente a reunião destinava-se a legitimar uma decisão que já estava tomada, só que não correu exactamente como os organizadores previram.

As minhas expectativas face ao trabalho que podíamos fazer enquanto curso acabaram nesse dia. Não foi por causa do botão encarnado ou da decisão tomada, mas sim por perceber que qualquer processo de decisão do curso seria uma "palhaçada": ou legitimávamos a decisão da "facção dominante", ou então a decisão "ia para o penico".

Foi mau? Nem por isso. O que é mau é estar num jogo do qual não se conhecem as regras. E aprendi que só levo um tema a discussão e votação se acho que vou ganhar, e que tenho que arranjar uma forma de adiar a votação "para reflexão" quando, a meio da discussão, percebo que afinal posso não ganhar.

----------------------

(*) Estão sempre no ombro do pirata, a falar-lhe ao ouvido. Quando o pirata fala, não é claro de quem é a opinião/decisão.

sexta-feira, setembro 08, 2006

No Divã da "Enferma": Introdução

"- Ó mãe, já não me apetece brincar mais com o avô".

"- Está bem, então volta a arrumar os ossos na gaveta".

Esta velha anedota lembra-nos que interagir com os esqueletos do passado pode até ser um passatempo agradável.

Decidi, então, fazer uma visita à "Enferma" e sentar-me no divã do psicanalista...

"- Quando eu contar até 3, vai recuar até 1984. 1, 2, 3..."

quinta-feira, setembro 07, 2006

Memórias do Baú LXI - O Bar


O Bar de Alunos foi criado algures por volta de 1982; funcionava na sala em frente ao gabinete do Oficial de Dia.

O horário era limitado e a disponibilidade de artigos também, mas sempre dava para "matar a fome" a meio da manhã (à tarde já não havia nada para comer).

Nos primeiros anos do curso eram distribuídos ao pequeno almoço um saco de broas, um pacote de bolachas de baunilha ou dois chocolates Regina (ainda são vendidos nos hipermercados mas, com a remoção das substâncias cancerígenas, o chocolate perdeu todo o sabor que tinha). Depois, lá para o terceiro ano, essa distribuição foi suspensa, sem que tivesse sido criada qualquer alternativa.

Até que tivesse sido criado o "reforço" a meio da manhã (passou pelo menos um ano lectivo), chegávamos à hora de almoço quase a desfalecer de fome. Bendito "reforço"!... Mesmo um pão com doce de canário(*) "marchava" que era uma maravilha...

Para acederes ao "post" seguinte sobre o Bar, clica aqui.

----------------------

(*) O doce de canário era uma especialidade colegial: um doce amarelo-alaranjado que tinha um sabor horrível. Mas a fome era tanta...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Memórias do Baú LX - O Estudo


No Colégio cria-se desde cedo o hábito de estudar em grupo. Para quê "andar às cabeçadas" a um problema, se ao lado há quem possa dar uma "dica" para a sua resolução? Este modelo possibilita também a ajuda aos colegas mais fracos sem grande prejuízo próprio - antes pelo contrário, ser capaz de explicar aos outros é a melhor forma de garantir que percebemos mesmo.

A organização dos grupos raramente era aleatória, resultando de relações pessoais privilegiadas, de experiências anteriores positivas ou de aspectos conjunturais.

Os graduados do 1º ano tinham alguns hábitos de estudar em grupo, organizando-se para esta actividade em dois grupos, um de 1 elemento e outro de 3 elementos.

As fotografias desde "post" foram tiradas numa sessão de estudo nocturna de um dos grupos, com a ajuda de um tripé e do temporizador.

sábado, setembro 02, 2006

Resumo de Julho e Agosto de 2006

Este "post" faz o resumo da actividade do "blog" em Julho e Agosto de 2006.

O "blog" esteve em "serviços mínimos", ao abrigo dos quais foram publicadas fotografias do "3 de Março" de 2003 (III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X). Neste período foi possível dar férias ao contador de visitas, que mal mexeu...

No tema Histórias do Meu Tempo de Colégio, foi publicada a finalização da série A "Guerra das Turmas".

No tema Memórias do Baú, foi publicado um artigo sobre a Canon Canonet.

Se preferirem, podem iniciar a exploração pela página inicial.

Agradeço comentários/sugestões.

quarta-feira, agosto 30, 2006

"3 de Março" - 2003 (X)




Fotografados: 544/77, 350/77, 335/76 e 446/76.

domingo, agosto 27, 2006

quinta-feira, agosto 17, 2006

Memórias do Baú LIX - A Canon Canonet

O site da Canon apresenta-a como "Canon's first intermediate-class, Lens-Shutter 35mm camera". A sua comercialização começou em Janeiro de 1961, tendo o número de unidades vendidas ultrapassado um milhão.

A do meu pai foi comprada em Agosto de 1964, em Singapura, a caminho de uma Comissão em Timor. Depois andou pela Guiné e por Angola, para finalmente regressar à Metrópole e terminar a sua "carreira" de 21 anos... comigo, no Colégio Militar.

O pó, os maus-tratos, a falta de manutenção, e também o facto de o mundo entretanto ter passado a ser a cores, contribuiram para que as fotografias na fase final não tivessem grande qualidade, mas mais não se podia exigir a esta "guerreira", após uma "carreira" certamente mais longa do que a esmagadora maioria do seu milhão de "irmãs".

Na viagem de finalistas (Páscoa de 1985), na passagem por Andorra, comprei uma máquina nova; poucas semanas depois, já no início do 3º Período, a Canonet tirou a sua última fotografia.

Agora observa, divertida, o novo mundo digital a partir de uma prateleira em minha casa.

sábado, agosto 12, 2006

A "Guerra das Turmas" (Parte III)

Continuação de A "Guerra das Turmas" (Parte II).

A "Guerra" em Números

O quadro apresentado, que recorre a um indicador objectivo (número de medalhas conquistadas), demonstra a diferença entre o desempenho das turmas que foi referida nos "posts" anteriores desta série.

A Turma B apresenta uma performance "esmagadora": conquistou 56% do total de medalhas no período referido, tendo conquistado 78% das medalhas de Ouro. A Turma A apresenta a performance mais fraca, com apenas 12% do total de medalhas conquistadas.


Mas se a superioridade global da Turma B é inquestionável, no 5º Ano há que destacar o "brilhante" desempenho da Turma C, que "arrasou", apesar do regulamento mais restritivo em vigor desde o 3º ano... o que demonstra que é possível compatibilizar os bons resultados com a "balda". Uma lição que me ficou para toda a vida... ;-)

Continua em A "Guerra das Turmas" (Parte IV).

---------------

Nota 1: as turmas mantiveram praticamente os mesmos elementos "medalháveis" ao longo dos 5 anos, pelo que os resultados são perfeitamente comparáveis.

Nota 2: a explicação para o "desaire" do 3º ano pode ser encontrada aqui.

segunda-feira, julho 31, 2006

A "Guerra das Turmas" (Parte II)

Continuação de A "Guerra das Turmas" (Parte I).

A estrutura das turmas manteve-se até ao 5º ano, com as habituais entradas e saídas dos que "chumbavam" e algumas raras mudanças de alunos de uma turma para outra, para equilibrar o número de alunos em cada turma.

Foi devido a um desses acertos (cujo critério nunca cheguei a perceber completamente) que tive a felicidade de viver por dentro esta diferença de culturas, uma vez que estive na Turma B no 1º e 2º anos e na Turma C do 3º ao 5º.

O choque da mudança foi enorme. Não só estava mais afastado das amizades mais fortes que tinha feito nos anos anteriores, como estava "entregue aos bichos", tendo percebido que a minha maior preocupação devia ser a de contribuir para "desenrascar" os "aflitos", e não a de tirar boas notas.

Na Turma B, os estudos e os trabalhos eram essencialmente feitos individualmente ou em grupos de dois; na Turma C, era tudo feito "em família", e os trabalhos dos melhores alunos circulavam pela turma para que todos os outros pudessem produzir as suas próprias "adaptações" a tempo da aula seguinte.

Passei a ter um conjunto de responsabilidades acrescidas durante os testes, pois tinha a "obrigação" de ir passando as resoluções dos exercícios a um conjunto de camaradas que estavam dependentes da minha ajuda para obter uma nota positiva.

Resultado: as minhas notas desceram, apanhei alguns "ataques de nervos" devido à dificuldade em me concentrar durante os testes com toda a gente a "bichanar", mas senti-me num ambiente "familiar", mais alinhado com aquilo que eu considerava o espírito colegial.

Continua em A "Guerra das Turmas" (Parte III).

terça-feira, julho 25, 2006

sexta-feira, julho 21, 2006

segunda-feira, julho 17, 2006

"3 de Março" - 2003 (VI)




Fotografado: "Bata".

quinta-feira, julho 13, 2006

"3 de Março" - 2003 (V)




Fotografados: "Bata", 481/77 e 358/77.

domingo, julho 09, 2006

"3 de Março" - 2003 (IV)




Fotografados: 539/77, 522/77 e 358/77.

quinta-feira, julho 06, 2006

"3 de Março" - 2003 (III)




Fotografados: 350/77, 335/76, "Bata".