quarta-feira, janeiro 31, 2007

As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte III)

Continuação de As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte II).


O gráfico apresentado tem como objectivo analisar a relação entre as medalhas de Aplicação Literária e de Aptidão Militar e Física conquistadas pelo curso de 1977/85.

Cada um dos eixos representa o número de medalhas de um determinado tipo conquistadas por um determinado aluno, e a dimensão de cada bola representa o número de alunos que se encontram em cada intersecção, ou seja, que conquistaram uma combinação específica de medalhas dos dois tipos.

Em primeiro lugar, é imediatamente observável que a zona superior direita não está preenchida, ou seja, que nenhum aluno conquistou mais do que a metade da soma do número máximo de medalhas dos dois tipos. Este facto contrasta com a generalidade dos cursos, que acabam por ter vários alunos nesta zona (alguns deles no ou perto do topo), mas também significa uma distribuição mais "democrática" das medalhas pelos elementos do curso.

Em segundo lugar, é observável a concentração de medalhas nos eixos. 53% das Literárias foram conquistadas por alunos que não conquistaram quaisquer Físicas; para termo de comparação, no curso de 1974 (o do Caetano) este valor foi de 13%. 62% das Físicas foram conquistadas por alunos que não conquistaram quaisquer Literárias; no curso de 1974, este valor foi de 49%.

Daqui se conclui haver uma separação maior do que a habitual entre as duas elites mais importantes dentro de cada curso.

Os elementos do eixo das Literárias eram, naturalmente, "Não-Fixes".

sábado, janeiro 27, 2007

Memórias do Baú LXXX - As Redacções


Autor: 363/84.

Tirando aguma confusão em relação ao género ("[...] Ele devia ser mais simpática à noite porque às vezes por causa dela só nos deitamos às quinhentas. [...]" ?????), temos aqui uma redacção bem estruturada e bem escrita.

Para acederes ao "post" anterior sobre as Redacções, clica aqui.

terça-feira, janeiro 23, 2007

A Punição Que Eu Não Tive

Na sequência da publicação das punições que eu tive (Memórias do Baú LXXIII, LXXVI e LXXVIII), e para ilustrar as particularidades da justiça colegial que referi em Que Pesos, Que Medidas?, nada melhor do que utilizar um exemplo que se passou comigo, ou seja, uma punição da qual me safei... à conta do meu pai.

Estávamos no fim do 7º ano, na semana de campo, realizada em Mafra.

A prova de orientação era geralmente o "ponto alto" da semana de campo, na qual se coleccionavam as histórias mais interessantes: patrulhas perdidas, boleias apanhadas, etc. A formação das patrulhas ficava ao critério dos alunos, pelo que se estabeleciam grupos em função dos objectivos: sobreviver ou competir para ganhar.

A minha patrulha era geralmente uma das que lutava para sobreviver. A prova era para fazer com calma... até porque nunca ficou demonstrado que houvesse alguma vantagem em fazê-la depressa... ;-) (não estou a ser inteiramente justo: havia medalhas para a patrulha vencedora).

A minha patrulha estava à procura do ponto "n", que sabíamos (por colocação das coordenadas do ponto na carta militar) que se localizava na estrada que delimita a tapada. Íamos, por isso, seguindo a estrada até encontrar o oficial que havia de colocar o comprovativo de passagem na nossa caderneta.

Ao fazer uma curva, lá estava ele: o Tenente Fernandes (não tenho a certeza de que fosse este o nome, mas o jags pode confirmar), um Tenente "veterano", daqueles que evoluiu "a pulso" a partir de soldado, e que, certamente farto de uma carreira inteira a aturar Oficiais Superiores e Oficiais Generais, tinha agora sido "condenado" a ir para o Colégio aturar os filhos destes.

O Tenente Fernandes assinou a nossa caderneta e deu-nos as coordenadas do ponto seguinte, e nós lá fomos à procura deste.

Quando, depois de uma boa caminhada, chegámos ao ponto seguinte, o Oficial presente no mesmo olhou para a nossa caderneta e disse-nos que tínhamos falhado um ponto, uma vez que tínhamos todos os pontos até ao "n-1", e depois tínhamos o "n+1" e (agora) o "n+2". Percebemos então que o Tenente Fernandes estava no ponto "n+1" e não no ponto "n", e que tínhamos encontrado o "n+1" por acaso, quando procurávamos o "n".

Voltámos para trás, decididos a procurar o ponto "n", mas ao passar pelo ponto "n+1", fomos pedir satisfações ao Tenente Fernandes sobre o que achávamos ter sido uma "falta de colaboração" da parte dele ao "esquecer-se" de nos informar que não era aquele ponto de que estávamos à procura.

A discussão foi intensa e eu ter-me-ei excedido, porque às tantas o Tenente "passou-se" e "procedeu à minha identificação", ameaçando punir-me. Achei que a ideia lhe ia passar, o que não era invulgar, mas fui chamado uns dias depois ao gabinete dele, e aí percebi que a coisa estava "preta".

Depois de uma "seca" em que me disse que exigia respeito, que tinha idade para ser meu pai, etc, etc, foi ao dossier buscar o meu "cadastro", gesto que apreciei, dado que o "cadastro" jogava geralmente a meu favor.

Deteve-se logo no início, e perguntou-me: "és filho do Chagas do Serviço Não-Sei-Quantos de Não-Sei-Onde?". Eu confirmei, e aí a "seca" mudou de rumo: que não era certamente esta a educação que o meu pai me tinha dado, que ele ia ter um desgosto, etc, etc.

Depois de ter "desabafado", disse-me: "diz ao teu pai que eu quero que ele venha cá falar comigo".

Só há poucas semanas perguntei ao meu pai qual tinha sido exactamente o teor da conversa. Na altura, interessou-me mais o resultado: não levei "seca" do meu pai e, sobretudo, não fui punido.

Fez-se justiça... colegial.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Memórias do Baú LXXIX - A Melhor Mãe do Mundo

Maria Manuela Chagas (20/03/1935 - 17/01/2007)

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Os "Ourives"

Ganhar medalhas nunca foi uma tarefa fácil, e por isso havia normalmente algumas "negociações" no fim do ano lectivo para arredondar para cima uma nota do aluno A ou do aluno B.

Com a alteração de regulamento feita no início da década de 80, veio a necessidade de ter uma nota mínima em cada disciplina, o que se tornou um fardo ainda mais difícil de carregar, pois havia sempre (pelo menos) uma disciplina para a qual se tinha menos apetência ou jeito, ou para a qual o estudo não era o factor primordial (ex: desenho).

Esta situação era particularmente verdadeira com professores novos, que ainda não sabiam que notas é que tinham que dar. É que, por vezes, a intuição não era um elemento suficiente para distinguir entre o aluno que tinha média de 13 nos testes porque era um aluno mediano, e que merecia um 13 no fim do período, do aluno que tinha média de 13 nos testes porque era um aluno bom que tinha tido alguns "dias maus", e que merecia um 15 no fim do período, a título de investimento (para não se desmotivar).

Este trabalho de "enquadramento" era feito por professores ou oficiais bem posicionados junto dos seus pares, que garantiam que os bons alunos não eram penalizados numa fase inicial pelos seus "dias maus", ou que a nota não era usada para passar mensagens do tipo "eu acho que se te esforçasses mais obterias excelentes resultados". Estes homens eram autênticos "ourives", uma vez que ajudavam a "fabricar" as medalhas que os alunos posteriormente usariam no peito com orgulho.

Mas, para que houvesse um investimento, era necessário que houvesse alguma garantia de retorno. Para ser ajudado, era preciso saber pôr-se "a jeito", demonstrando vontade, capacidade de trabalho e resultados, sob pena de no período seguinte o investimento ser cobrado e a medalha "ir à vida".

Pela minha parte, estou grato a um "ourives" em especial - o Prof. Carmo -, que me fez acreditar que eu podia chegar à categoria dos "dourados", e me deu uma ajuda sempre que me faltou um "danoninho"... ;-)

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Memórias do Baú LXXVIII - O "Cadastro" (Parte V)

Continuação de Memórias do Baú LXXVI - O "Cadastro" (Parte IV).


Aparentemente, um dia faltei a uma consulta "previamente publicada em O. S.".

Que consultas é que eram publicadas em O. S.? As consultas externas e as "revisões gerais" a toda a turma.

Tratando-se de uma consulta de Estomatologia, provavelmente era uma "revisão geral" aos dentes do pessoal, e eu devia ter uma boa razão para me "baldar": sabia que tinha problemas, mas preferia ser "torturado" pelo meu dentista habitual do que pelo dentista do Colégio!

Ainda tentei alegar desconhecimento, mas não se safei dos 4 pontos "da praxe"...

domingo, janeiro 07, 2007

As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte II)

Continuação de As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte I).


Não tenho conhecimentos (ou memória...) suficientes para explicar o gráfico de medalhas de Aptidão Militar e Física por ano do nosso curso, pelo que espero que algum camarada se "chegue à frente" e o explique. Eu quase sinto a obrigação de explicar porque é que não ganhei a medalha de Aptidão Militar e Física no 5º ano... é que fui praticamente o único... ;-)

Quanto à explicação para a não existência de medalhas no 8º ano, reafirmo o que escrevi em As Medalhas Que Ninguém Ganhou (Parte II).

O incidente que se verificou nos Açores com a Classe Especial, apesar de aparentemente não ter passado de um mal-entendido pontual, motivou um protesto do Comandante do navio junto do Colégio. Apesar de não ter havido uma acção disciplinar, os oficiais da Instrução Militar encarregaram-se de garantir que no ano lectivo seguinte se aplicariam as consequências de uma acção disciplinar "virtual".

No total, foram conquistadas 64 medalhas de Aptidão Militar e Física, o que corresponde a uma média de 10,67 por ano.

Continua em As Medalhas Que Alguém Ganhou (Parte III).

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Resumo de Novembro e Dezembro de 2006

Este "post" faz o resumo da actividade do "blog" em Novembro e Dezembro de 2006.

Em Novembro, o "blog" comemorou um ano de publicação, o que motivou a publicação de dois "posts": Memórias do Baú LXXI - Edição de Aniversário e Um Ano de "Blog" - Um Balanço.

No tema Histórias do Meu Tempo de Colégio, há a destacar o encerramento da série A "Guerra das Turmas", a continuação da série No Divã da "Enferma" e a estreia da série As Medalhas Que Alguém Ganhou.

No tema Memórias do Baú, há a destacar as memórias sobre as "Áreas Reservadas", O "Cadastro", a Visita a Santa Margarida e O Guião.

O maior destaque deste período vai, contudo, para a publicação, no tema A Actualidade, de um texto enviado pelo Alvin, que nos deu o prazer de voltar ao nosso convívio, por enquanto de forma apenas "virtual". Escolhi um título - Olhos Nos Olhos - que penso que retrata a frontalidade e honestidade do texto, e que, ao mesmo tempo, liga bem com a fotografia. Para mim, foi o momento mais alto do "blog" até hoje: recuperar memórias é importante, mas recuperar amigos é mais importante ainda.

Merecem sempre destaque no "blog" o Índice Temático e os Comentários.

Se preferirem, podem iniciar a exploração pela página inicial.

Agradeço comentários/sugestões.