sexta-feira, abril 28, 2006

Graduações 1984/85: "Post-mortem" (Parte IV - O "Pai Natal")

Continuação de Graduações 1984/85: "Post-mortem" (Parte III).

Em 1984/85, foi significativo o número de graduados que sairam do Colégio ao longo do ano lectivo - só no 1º período sairam sete -, e um dos que saiu, poucas semanas após o início do ano lectivo, foi o comandante do 2º pelotão da 1ª Companhia.

Dado o carácter prematuro da saída e a importância da estabilidade no enquadramento dos alunos do 1º ano, esperava-se uma substituição rápida, mas os dias transformaram-se em semanas, e as semanas em meses...

Só quando saiu um comandante de pelotão de outra Companhia (4ª) é que o Comandante do Corpo de Alunos "acordou" para a situação e pediu um nome para a substituição. Após as inevitáveis "negociações de bastidores", coube-me a honra de ser o escolhido para ocupar o lugar.

Assim, no último dia de aulas do 1º período, já com as Companhias formadas "de pano" e prontas para sair para férias, eu e o Capela (255/76) fomos chamados ao gabinete do Comandante do Corpo de Alunos para uma cerimónia de graduação patética e feita à pressa (do género "tomem lá e felicidades"...).

Quando voltei à Companhia, já os alunos estavam a tirar os cartões e a sair, e eu fiz o mesmo. Depois das férias, em Janeiro, trazia na farda mais uma estrela - um presente do "Pai Natal".

O meu ego ficou mais "composto", como se pode depreender do que escrevi sobre as graduações e dos comentários do(s) anonymous (que saudades...), mas esta mudança teve um outro efeito positivo: como mudei do 1º para o 2º pelotão, isto deu-me a oportunidade de lidar de perto com todos os alunos do 1º ano. Às vezes mais "de perto" do que eles gostariam, mas sempre dentro da lei, e (espero que) dentro da prática colegial da altura... ;-)

(continua)

quarta-feira, abril 26, 2006

Memórias do Baú XLIV - A "Mocada"

O Discurso

O discurso da "Mocada" seguiu o "menu" habitual: um tom jocoso, com referências mais ou menos óbvias a Professores e Oficiais.

Não era, do ponto de vista literário, nada de que nos pudessemos orgulhar, mas serviu para "desenrascar"...

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segunda-feira, abril 17, 2006

Memórias do Baú XLIII - Os "Ratas" - O "Feinho"

O 278 ocupava a primeira cama à entrada da camarata, posição que ocupei também no 1º ano (embora do lado oposto), e que sei que pode ser ingrata...

Era o primeiro a ser atacado nas "almofadadas" e a primeira cama a "ir ao poço" sempre que a tradição o justificava; mas também era o que tinha que percorrer menos espaço até à formatura, ganhando uns preciosos segundos na contagem "uma, uma e meia, duas, duas e meia, duas e três quartos...".

Uma das consequências naturais da posição era também uma maior interacção com os graduados, e foi numa dessas interacções (provavelmente a seguir a uma aula de ginástica, quando protestava pelo facto de as suas costas serem usadas para aquecer as mãos geladas dos graduados que tinham acabado de chegar para o intervalo do reforço) que o 278 ficou a saber a opinião do Santos sobre a sua fisionomia, e passou a ostentar a alcunha de "Feinho".

O 278 entretanto cresceu, e alcunha foi, por esse motivo, actualizada para "Feio". Perdeu alguma mística, porque se tornou mais óbvia, mas como é que o Santos ia adivinhar que isso ia acontecer?... ;-)

Fotografados: 278/84, 288/84, 22/84.

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sexta-feira, abril 14, 2006

A "Tecnica do Arantes" (Parte II)

Continuação de A "Técnica do Arantes" (Parte I).

O segredo da "Técnica do Arantes", mais do que numa sábia gestão de esforço, assentava numa demonstração de ilusionismo digna do grande Mestre Houdini.

O Arantes dava o máximo até ao topo da "Escada Chinesa" e depois deixava-se cair, ficando estendido no chão. O "Arantes" que arrancava "como uma flecha" rumo ao final da prova era o Pestana (288/77), um dos alunos mais rápidos do curso.

Toda esta "ilusão" era ocultada do "público" pelas sebes e pelo facto de a prova terminar numa descida abrupta para fora do alcance da vista de quem, como o instrutor - o Major Fernandes -, se encontrava no início da pista.

A diferença de ritmos de corrida naquela fase da prova era tão evidente, quer entre o Arantes de antes e de depois da "Escada Chinesa", quer entre o Arantes e os outros camaradas, que esperávamos que a qualquer momento a ilusão fosse descoberta. No entanto, esta técnica foi usada várias vezes, sempre com sucesso e rasgados elogios por parte do Major, que incentivava os restantes alunos a utilizarem-na.

Foi preciso esperar alguns anos para que uns "nabos" de um curso mais novo se deixassem apanhar, porque não verificaram que no campo de obstáculos estava um oficial a montar a cavalo... e a ver tudo o que se passava do outro lado do "palco"! ;-)

quarta-feira, abril 12, 2006

Memórias do Baú XLII - O "Enxoval" (Parte V)

Continuação de Memórias do Baú XXXVII - O "Enxoval" (Parte IV).


Sapatos de Ginástica

Alpercata: substantivo feminino.

Calçado grosseiro de lona, assente sobre corda ou borracha, que se prende ao pé por tiras de couro ou de pano; alparca; alparcata; alpargata; alpergata.


Os sapatos de ginástica, dos quais havia dois pares, eram designados por qualquer das formas indicadas acima ou, simplesmente, por "sapatilhas".

O primeiro par era destinado à ginástica, onde se mantinham geralmente brancas e em bom estado de conservação. Normalmente eram "abatidas" porque deixavam de servir.

O segundo par era destinado ao desporto e ao atletismo, onde, apesar de serem completamente desaconselhadas, eram verdadeiras "sapatihas todo-o-terreno". Serviam para correr na pista enlameada, jogar futebol, saltar em comprimento, etc. Ficavam rapidamente castanhas, mas aguentavam muitas vezes um ano inteiro de "abusos". Quando "rebentavam", era geralmente na parte da frente, na ligação do tecido à borracha, ou então na costura traseira (quando estavam muito apertadas).

Quando, por qualquer azar, era o par da ginástica que cedia, a solução temporária passava por pintar o outro par com giz branco, fazendo-o assim passar por "imaculado". Uma solução patética, mas que "desenrascava".

A meio do curso, o "enxoval" passou a ter uns ténis para desporto e atletismo. De design, conforto e durabilidade questionáveis, sempre pareciam mais adaptados às necessidades da prática desportiva.

Duas memórias:

1) Chutar uma bola de futebol com as sapatihas de ginástica era quase como chutar descalço; para a dor que provocava, era bom que fosse golo... ;-)

2) No fim do ano lectivo, já com as sapatilhas no limite do aperto, fazia-se um último esforço para evitar comprar outras antes do início do ano lectivo seguinte. Nessas alturas, "comprimiamos" os pés dentro das sapatihas, na melhor tradição chinesa, o que tornava doloroso o simples acto de andar...

(continua)

segunda-feira, abril 10, 2006

Memórias do Baú XLI - A "Mocada"


Em 1984, a honra de ler o discurso de vitória dos Portugueses na "Mocada" coube a dois "sorjas" da 1ª. O que terá justificado tamanha distinção?

O mês de Novembro aproximava-se do fim, e a data da "Mocada" estava cada vez mais próxima. Como é habitual em situações em que não há liderança, as coisas vão andando, até que alguém, quase no fim do prazo, "salta para a frente" e as coisas acontecem. Nem sempre da melhor forma, porque o tempo de preparação é um factor importante, mas acontecem.

Um desses "alguéns" era o Rosa (339/78), que saltou para "puxar a carroça" em vários momentos decisivos ao longo do curso.

Já em plena semana da "Mocada", o Rosa chamou a si a responsabilidade de escrever o discurso, tendo-me pedido ajuda nesta tarefa. Sendo a "Mocada" na 6ª feira, combinámos que ele escreveria uma primeira versão na 4ª feira à tarde, em casa, e que na 5ª feira à noite daríamos os retoques finais e integraríamos as minhas sugestões.

Na 5ª feira de manhã o Rosa ficou doente em casa. Através do seu vizinho "Rodinhas" (79/77), enviou um esboço do discurso, eventualmente mais esboço do que ele próprio gostaria que fosse.

Até 6ª feira à hora da "Mocada", foi uma "corrida contra o tempo" para escrever um discurso que, ainda que não "arrasasse", pelo menos não nos envergonhasse... Pedi ajuda ao "Kika" (467/77), que trabalhou comigo no discurso e o ajudou a passar a limpo. Tradicionalmente o discurso era escrito em papel higiénico, mas no nosso caso mal houve tempo para o escrever em papel normal, quanto mais em papel higiénico.

Quando chegou a "hora da verdade" e o "leitor de serviço" avançou, rapidamente se concluiu que os únicos capazes de ler o discurso com a fluência necessária eram os que o tinham escrito. E assim foi.

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sexta-feira, abril 07, 2006

A "Tecnica do Arantes" (Parte I)

Continuação de A "Técnica do Arantes" (Introdução).

No início da década de 80, foi construída no Colégio uma "pista de combate" para complementar a formação do Curso Geral de Milicianos (CGM) que era ministrada nos últimos anos do curso.

O início da pista era no topo Oeste do campo de futebol, junto à estrada que sobe do Pavilhão de Ciências para o Ginásio; a pista seguia depois paralela ao campo de futebol, entre a pista de atletismo e as bancadas, e fazia uma curva a acompanhar a pista de atletismo, passando por trás das sebes, e indo acabar na estrada que passa atrás do refeitório.

A "pista de combate" tinha pouco mais de uma dezena de obstáculos, após o que se seguia uma corrida de cerca de 30 metros, terminando numa descida abrupta até à estrada que passa atrás do refeitório.

O último obstáculo era um dos mais "indesejados": a "Escada Chinesa". A "Escada Chinesa" era constituída por quatro troncos afastados e com uma altura crescente, que eram subidos em corrida (quanto mais devagar, mais difícil era subi-los), após o que se saltava para o chão e se seguia até ao final.

O problema é que, sendo o último obstáculo, os alunos já lá chegavam completamente "rotos", e ainda tinham que ter cuidado para subirem sem cair nem perder a velocidade, para depois saltarem para o chão (leia-se caírem como um "saco de batatas"), levantarem-se, e correrem até ao final.

A essência da "Técnica do Arantes" era a gestão do esforço. Em vez de dar tudo o que tinha e "arrastar-se" na fase final, o Arantes poupava ao longo dos obstáculos a energia necessária para um "sprint" vigoroso desde o salto da "Escada Chinesa" até ao final.

"Arrancou que nem uma flecha!", dizia o Major Fernandes com admiração, encorajando-nos a usar a "Técnica do Arantes".

Mas a "Técnica do Arantes" tinha os seus segredos...

Continua em A "Técnica do Arantes" (Parte II).

quarta-feira, abril 05, 2006

Memórias do Baú XL - As Redacções


Autor: 142/84, o "Baldas" (alcunha "by Santos").

À medida que vou publicando as redacções, vou-me apercebendo de que há uns graduados que são mais "visados" do que outros.

A esta distância, não consigo dizer se a escolha do "retratado" era da minha responsabilidade, ou se ficava ao critério do autor. De qualquer forma, esta questão é irrelevante, pois calculo que qualquer das opções conduziria ao mesmo resultado... ;-)

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segunda-feira, abril 03, 2006

Memórias do Baú XXXIX - Os "Ratas" - O "Migalha"

O "Migalha" era o "Batalhãozinho" do curso de 1984/85. "Dois palmos de gente", mas uma atitude muito "reguila"...

Talvez por isso, foi um dos primeiros a beneficiar da "máquina de alcunhas" que era o Santos (207/78, *** 1ª), que colocou aos "ratas" algumas alcunhas que ficaram para a posteridade.

Assim, numa troca de argumentos em que o "Batalhãozinho" se terá tentado colocar "em bicos de pés" (não é que adiantasse alguma coisa...), o Santos brincou com a altura dele e disse-lhe "olha para ti, és minúsculo, és insignificante, és uma migalha!". E ficou o "Migalha".

O "Migalha" acabou por não chegar ao fim do curso (parece ser uma "sina" que atinge a quase totalidade dos "Batalhãozinhos"), e acabei por lhe "perder o rasto".

Presumo que esteja mais alto. ;-)

Fotografados: 288/84, 262/84, 30/84, 22/84.

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domingo, abril 02, 2006

A "Tecnica do Arantes" (Introdução)

O Arantes (522/77) tinha uma das melhores notas a Instrução Militar (só suplantado por dois alunos do 4º grupo...), e era um dos "campeões" de medalhas de Aptidão Militar e Física.

Para atingir esses objectivos era preciso muito esforço, muita dedicação e... muita técnica.

Esta série debruçar-se-á sobre a técnica que ele desenvolveu, e que ficou conhecida como a "Técnica do Arantes".

Continua em A "Técnica do Arantes" (Parte I).