quarta-feira, setembro 27, 2006

Memórias do Baú LXIV - "3 de Março" - 1985


Chegava finalmente o "3 de Março", a primeira cerimónia dos "ratas".

Pelo caminho ficavam horas de treino de ordem unida e de marcha em "frente de 6" com a arma ao ombro.

Mas os treinos, sendo duros, já não eram tão duros como nos meus primeiros anos, graças a uma importante inovação...

Algures a meio do meu percurso no Colégio, alguém teve a ideia de colocar os pelotões a marchar na parada tendo como frente a dimensão mais larga, em vez da mais estreita. "Trocando por miúdos", os pelotões deixaram de marchar na habitual e "confortável" configuração de "frente de 3", e passaram a marchar na configuração de "frente de n", sendo que o n, para os pelotões do 1º ano, podia ir até 14.

Aqui está um exemplo do espírito prático da Instituição Militar: sem alterar a estrutura dos pelotões, todas as semanas se treinava para o "3 de Março", numa configuração mais difícil do que a real. E, quem habitualmente alinha em "frente de 14", muito mais facilmente alinha em "frente de 6".

De facto, há que reconhecer que os resultados eram impressionantes. Já não eram necessários os infindáveis Kms de treinos na Avenida Marechal Teixeira Rebello, que substituíram as infindáveis voltas ao Estádio da Luz dos meus primeiros anos.

Resumindo: uma ideia simples, mas... eficaz.

Para acederes ao "post" seguinte sobre o "3 de Março" de 1985, clica aqui.

domingo, setembro 24, 2006

Memórias do Baú LXIII - O Bar


O objectivo original das senhas do bar era o de os alunos poderem fazer compras sem usar dinheiro, uma vez que as senhas seriam compradas utilizando requisições brancas. Na prática, os alunos acabavam por comprar as senhas com dinheiro, o que inviabilizava todo o modelo montado.

Assim, sempre que um aluno queria ir ao bar, tinha que ir antes à secretaria e comprar as senhas, para depois poder ir ao bar comprar o que desejava.

Se, aparentemente, as consequências deste modelo se limitavam à perda de tempo, na prática a situação era mais caricata: como as senhas só eram vendidas em ocasiões específicas, muitas vezes os alunos viam-se na situação de terem dinheiro no bolso mas não poderem comer nada.

Para acederes ao "post" anterior sobre o Bar, clica aqui.

segunda-feira, setembro 18, 2006

A Imposição de Graduações

Realizou-se na passada 6ª feira a cerimónia de Imposição de Graduações.

Este ano há neste tema duas novidades importantes:

1) As graduações passam a ter, na face posterior, a indicação do prazo de validade (no caso presente, "Válido até Jun/07").

Esta medida torna-se necessária na sequência de incidentes verificados no passado recente entre alunos e ex-alunos que reclamavam ter as mesmas funções e responsabilidades, já que tinham a mesma graduação.

Desta forma, perante novos incidentes que se verifiquem, os alunos mais novos deverão consultar a face posterior das graduações dos indivíduos em questão e verificar qual das graduações se encontra dentro do prazo de validade, ficando assim esclarecido que instruções devem ser cumpridas.

2) As graduações passam também a ter, igualmente na face posterior, um holograma de segurança, para impedir que a medida anterior seja um incentivo à contrafacção.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Memórias do Baú LXII - O Durão


O Durão é um exemplo de tenacidade e de dedicação ao Colégio como há poucos, e que eu tive sempre como uma referência pessoal.

Sempre que vejo alguém a recuar perante as dificuldades (ou até a inventá-las) para atingir um objectivo, lembro-me de um homem que, tendo uma limitação física teórica, nunca deixou que essa limitação tivesse repercussões na prática, levando uma vida absolutamente normal.

No que toca à exteriorização do seu amor pelo Colégio, poucos há que o façam de uma forma tão empenhada, quer através da sua acção como professor, quer através dos poemas que escreve e declama com paixão.

A fotografia anexa exemplifica a capacidade de adaptação do Durão face às dificuldades: perante o aparecimento de chuva numa aula de desporto com provas de lançamento do peso, a mesma era transferida para o geral da Companhia, passavam a utilizar-se os pesos de borracha com esferas metálicas no interior, e a distância era medida em... mosaicos.

Na fotografia, o Durão conta os mosaicos para medir o lançamento de um aluno.

domingo, setembro 10, 2006

No Divã da "Enferma": O Botão Encarnado

Estávamos no início do ano lectivo, quando o curso se reuniu pela primeira vez para analisar um tema em relação ao qual se impunha a decisão de premir ou não o botão encarnado.

Durante a análise da situação, ficou claro que havia diferentes níveis de domínio da informação por parte dos elementos do curso - alguns (entre um terço e metade) pareciam ter toda a informação, enquanto outros estavam completamente "a leste". Não dei muita importância a este facto na altura, mas viria a entendê-lo mais tarde.

Após diversas intervenções, havia decisões para tomar. Íamos premir o botão? Se sim, íamos premí-lo de imediato ou esperar algum tempo?

Após a votação, ficou decidido que íamos premir o botão, mas que, face às consequências, só o íamos premir mais tarde (o timing ficou definido). Estavamos (aparentemente) a funcionar como curso.

No dia seguinte, o botão foi premido.

Nunca chegámos a fazer uma reunião para perceber como é que uma decisão que tomámos como curso foi "torpedeada". Ouvi dizer que o botão "se tinha premido", ou que tinha sido premido por desconhecidos, mas a explicação mais plausível apontava para alguns "papagaios de pirata"(*) que, não contentes com o resultado da votação, resolveram agir. Aparentemente a reunião destinava-se a legitimar uma decisão que já estava tomada, só que não correu exactamente como os organizadores previram.

As minhas expectativas face ao trabalho que podíamos fazer enquanto curso acabaram nesse dia. Não foi por causa do botão encarnado ou da decisão tomada, mas sim por perceber que qualquer processo de decisão do curso seria uma "palhaçada": ou legitimávamos a decisão da "facção dominante", ou então a decisão "ia para o penico".

Foi mau? Nem por isso. O que é mau é estar num jogo do qual não se conhecem as regras. E aprendi que só levo um tema a discussão e votação se acho que vou ganhar, e que tenho que arranjar uma forma de adiar a votação "para reflexão" quando, a meio da discussão, percebo que afinal posso não ganhar.

----------------------

(*) Estão sempre no ombro do pirata, a falar-lhe ao ouvido. Quando o pirata fala, não é claro de quem é a opinião/decisão.

sexta-feira, setembro 08, 2006

No Divã da "Enferma": Introdução

"- Ó mãe, já não me apetece brincar mais com o avô".

"- Está bem, então volta a arrumar os ossos na gaveta".

Esta velha anedota lembra-nos que interagir com os esqueletos do passado pode até ser um passatempo agradável.

Decidi, então, fazer uma visita à "Enferma" e sentar-me no divã do psicanalista...

"- Quando eu contar até 3, vai recuar até 1984. 1, 2, 3..."

quinta-feira, setembro 07, 2006

Memórias do Baú LXI - O Bar


O Bar de Alunos foi criado algures por volta de 1982; funcionava na sala em frente ao gabinete do Oficial de Dia.

O horário era limitado e a disponibilidade de artigos também, mas sempre dava para "matar a fome" a meio da manhã (à tarde já não havia nada para comer).

Nos primeiros anos do curso eram distribuídos ao pequeno almoço um saco de broas, um pacote de bolachas de baunilha ou dois chocolates Regina (ainda são vendidos nos hipermercados mas, com a remoção das substâncias cancerígenas, o chocolate perdeu todo o sabor que tinha). Depois, lá para o terceiro ano, essa distribuição foi suspensa, sem que tivesse sido criada qualquer alternativa.

Até que tivesse sido criado o "reforço" a meio da manhã (passou pelo menos um ano lectivo), chegávamos à hora de almoço quase a desfalecer de fome. Bendito "reforço"!... Mesmo um pão com doce de canário(*) "marchava" que era uma maravilha...

Para acederes ao "post" seguinte sobre o Bar, clica aqui.

----------------------

(*) O doce de canário era uma especialidade colegial: um doce amarelo-alaranjado que tinha um sabor horrível. Mas a fome era tanta...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Memórias do Baú LX - O Estudo


No Colégio cria-se desde cedo o hábito de estudar em grupo. Para quê "andar às cabeçadas" a um problema, se ao lado há quem possa dar uma "dica" para a sua resolução? Este modelo possibilita também a ajuda aos colegas mais fracos sem grande prejuízo próprio - antes pelo contrário, ser capaz de explicar aos outros é a melhor forma de garantir que percebemos mesmo.

A organização dos grupos raramente era aleatória, resultando de relações pessoais privilegiadas, de experiências anteriores positivas ou de aspectos conjunturais.

Os graduados do 1º ano tinham alguns hábitos de estudar em grupo, organizando-se para esta actividade em dois grupos, um de 1 elemento e outro de 3 elementos.

As fotografias desde "post" foram tiradas numa sessão de estudo nocturna de um dos grupos, com a ajuda de um tripé e do temporizador.

sábado, setembro 02, 2006

Resumo de Julho e Agosto de 2006

Este "post" faz o resumo da actividade do "blog" em Julho e Agosto de 2006.

O "blog" esteve em "serviços mínimos", ao abrigo dos quais foram publicadas fotografias do "3 de Março" de 2003 (III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X). Neste período foi possível dar férias ao contador de visitas, que mal mexeu...

No tema Histórias do Meu Tempo de Colégio, foi publicada a finalização da série A "Guerra das Turmas".

No tema Memórias do Baú, foi publicado um artigo sobre a Canon Canonet.

Se preferirem, podem iniciar a exploração pela página inicial.

Agradeço comentários/sugestões.