sábado, março 29, 2008

Tens Medalhas a Haver do Colégio?

Em 1980, um Director resolveu alterar o regulamento das medalhas.

Para além de algumas situações curiosas, como a aplicação das novas regras com retroactividade e outras coisas do género, a grande inovação - claramente à frente do seu tempo - foi a criação de "medalhas virtuais": medalhas que tinham diploma, laço para usar na farda de pano, mas... não existiam.

Até 1979, havia medalhas de Aplicação Literária para os 7 anos do curso, e medalhas de Aptidão Militar e Física a partir do 3º ano. Depois de 1980, passou a haver medalhas de Aplicação Literária e de Aptidão Militar e Física do 2º ano em diante; para o 1º ano, os critérios eram iguais aos dos restantes anos, mas em vez de medalha, os alunos recebiam simplesmente o diploma, e podiam usar o laço na farda de pano.

Hoje é fácil dar o mérito a esse Director, pois um número cada vez maior de coisas é virtual, mas na altura a coisa causou alguma perplexidade.

Pouco mais de 20 anos depois, outro Director achou que a ideia de "medalhas virtuais" era um disparate, e resolveu acabar com elas.

Para que os alunos que tinham ganho "medalhas virtuais" nos anos imediatamente anteriores não ficassem tristes, resolveu aplicar a nova regra de forma retroactiva, mas apenas aos alunos que à altura faziam parte do Batalhão Colegial. Quem tinha ganho uma "medalha virtual" e ainda estava no Colégio, viu a sua medalha convertida numa medalha real; quem já tinha saído, mesmo que tivesse ganho uma "medalha virtual" no mesmo ano, não viu a sua medalha convertida numa medalha real.

Não fosse tratarem-se de dois Directores ex-alunos, e em relação aos quais, portanto, tenho que manifestar toda a solidariedade, diria que se tratou de um disparate corrigido com outro disparate.

O Director actual parece ser uma pessoa de bom-senso, que jamais concordará com esta dualidade de critérios. Por isso, camarada, se ganhaste uma "medalha virtual" algures entre 1980 e 2000 e picos, escreve para o Colégio e pede a conversão da mesma numa medalha real.

Na volta do correio vais certamente receber a tua medalha, mas nem tudo são boas notícias: é que vais receber uma das medalhas novas que, na escala que vai desde o brinde de um pacote de cereais até à condecoração militar, já está mais perto do extremo inferior. Mas o que conta é a intenção.

segunda-feira, março 24, 2008

Memórias do Baú CXXVII - Os "Ratas" - Na Sala de Leitura


Num Domingo à noite, na sala de leitura da Primeira, antes de um episódio do "Soap"...

Fotografados: 261/84, 278/84, 288/84, 357/77, 257/84, 397/84 e 500/84.

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quarta-feira, março 19, 2008

O Curso de Pára-quedismo (Parte II)

Continuação de O Curso de Pára-quedismo (Parte I).

A Instrução

A instrução de pára-quedismo, como qualquer instrução militar, é baseada na repetição de gestos "até à exaustão", para que as actividades se tornem mecânicas e sejam executadas de forma expontânea, sem pensar, sobretudo nas situações em que, se pensassemos, provavelmente não executavamos a acção.

Por isso, cada uma das partes do salto é treinada em separado e em grande detalhe: os procedimentos de saída do avião, a contagem até à abertura, a verificação da calote, a preparação da aterragem, o enrolamento na aterragem, a neutralização dos arrastamentos, etc.

O processo de saída de um Aviocar é o mais simples que há: basta ir a correr atrás do camarada que nos precede e saltar pela porta fora. Apesar disso, somos treinados para memorizar uma série de gestos que nunca teremos a oportunidade de executar, como forma de manter o nosso cérebro ocupado antes do salto.

O processo de saída de um avião mais pequeno já apresenta algumas complicações, devido à dificuldade que há em sair até à asa, o que nos dá muito tempo para pensar "o que é que eu estou a fazer aqui?". Nessa situação, já sabemos que a bota do instrutor ganha um papel especial no processo de saída, podendo funcionar como um auxiliar para vencer o vento que nos cola contra a fuselagem e faz com que tenhamos alguma dificuldade em largar a asa.

Treinámos as saídas em simuladores dos diferentes modelos de aviões e na Torre de Saída, aprendendo o "trezentos-e-trinta-e-um - trezentos-e-trinta-e-dois - trezentos-e-trinta-e-três - trezentos-e-trinta-e-quatro" que representa o tempo necessário para a abertura do pára-quedas. Na prática, no Aviocar não chegamos ao "trezentos-e-trinta-e-um", e num avião mais pequeno não chegamos ao "trezentos-e-trinta-e-dois", mas é mesmo esse o objectivo: que o pára-quedas abra enquanto estamos ocupados a contar.

Uma das partes mais importantes de treinar é a manobra de aterragem. Ao chegar ao chão, o corpo do pára-quedista traz energia cinética que é necessário dissipar, e uma aterragem correcta é a que permite uma dissipação progressiva pelas partes mais resistentes do corpo. Por isso, a manobra de aterragem é treinada inúmeras vezes, procurando assim evitar que o pára-quedista cometa um dos maiores erros, que é o de tentar ficar de pé.

Uma das partes mais divertidas do treino foi a dos arrastamentos, e foi precisamente a que causou a primeira "vítima".

Imediatamente após a aterragem, se o pára-quedista não se levantar depressa e se o pára-quedas continuar "cheio", o pára-quedista poderá ser arrastado pelo chão até que o pára-quedas encontre um obstáculo ou o vento diminua e o pára-quedas se "feche".

Para conseguir que o pára-quedas se "feche", o pára-quedista tem que se virar de barriga para baixo enquanto é arrastado e puxar os cordões correspondentes à parte da calote que está a arrastar pelo chão. Terá que puxar os cordões com firmeza, porque se um golpe de vento tentar encher a calote, os cordões queimam os dedos ao deslizar dentro das mãos.

Foi precisamente nesta manobra que as coisas não correram bem ao "Escroque" (238/77)... Enquanto tentava puxar os cordões e evitar respirar as "toneladas" de pó que se levantavam com o arrastar do pára-quedas no campo de futebol da BETP, cenário utilizado para as nossas simulações de arrastamentos, veio uma rajada de vento e ele não foi capaz de segurar os cordões. Resultado: uma passagem na enfermaria para tratar as queimaduras e "entrapar" completamente as duas mãos.

Apesar do incidente e de não conseguir usar as mãos, o "Escroque" manteve a sua determinação e a instrução não parou...

Continua em O Curso de Pára-quedismo (Parte III).

Fotografias extraídas de http://fotos.paraquedistas.com.pt.

quarta-feira, março 12, 2008

Memórias do Baú CXXVI - A Visita dos "Craques"


A fotografia mostra um "afundanço" do Carlos Lisboa.

Antes do jogo, houve o cuidado de lhes pedir que não se pendurassem nas tabelas ao "afundar", uma vez que estas não estavam preparadas para resistir, e se se partissem ficavamos sem poder jogar durante uns tempos...

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sábado, março 08, 2008

O Curso de Pára-quedismo (Parte I)

Continuação de O Curso de Pára-quedismo (Introdução).

A Selecção do Grupo

Crescemos a olhar com admiração as "asas" que os alunos que tinham tirado o curso de pára-quedismo usavam orgulhosamente no peito. Em primeiro lugar, porque sabíamos que se tratava de uma actividade que nos colocaria no limite do nosso consciente - aquilo que mais tarde veio a ser caracterizado pela expressão "radical", entretanto completamente banalizada e aplicada a qualquer passeio em bicicleta fora de estrada - e, em segundo lugar, porque sabíamos que o curso era ministrado de uma forma extremamente exigente pelos instrutores da Base Escola de Tropas Pára-quedistas.

No início do nosso último ano de Colégio, foi feito um pré-levantamento dos candidatos ao curso de pára-quedismo. Como seria de esperar, eram "mais que muitos", e ficou logo no ar a necessidade de se proceder a uma selecção com base num critério qualquer a definir.

O tempo foi passando, e nada de novidades. Finalmente, já depois de terminado o ano lectivo, ligaram-nos para casa a comunicar a disponibilidade do curso e a avaliar o nosso interesse. Respondi que sim, e fui seleccionado "na hora"; apenas tive que convencer os meus pais a assinar um termo de responsabilidade (não foi fácil...), dado que eu era menor, e recuperar o meu "enxoval", entretanto já a caminho de se tornar "arquivo morto" (provavelmente ser oferecido ao depósito que a AAACM tinha na sede da Rua Marquês de Abrantes, no qual eu me tinha "abastecido" várias vezes no passado).

Quando cheguei ao Colégio, verifiquei com grande surpresa que, do extenso grupo de pré-candidatos, apenas tinham restado... quatro: eu, o 207/78, o 362/77 e o 238/77. Só foi possível realizar o curso porque se recrutaram voluntários no 7º ano (572/77, 200/78 e 590/78) e também porque contámos com a participação do Aspirante Bonito.

Telefonámos a vários camaradas de curso a perguntar porque é que não vinham fazer o curso connosco, e um deles disse-nos que "em princípio ia a Paris". A partir dessa altura, para aquele grupo, "ir a Paris" passou a ser sinónimo de "ter medo", e houve momentos ao longo do curso nos quais, de facto, desejei estar em Paris...

Continua em O Curso de Pára-quedismo (Parte II).

Fotografia extraída de http://fotos.paraquedistas.com.pt.

segunda-feira, março 03, 2008

Memórias do Baú CXXV - A Visita dos "Craques"


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