sexta-feira, outubro 13, 2006

Que Pesos, Que Medidas?

Imaginem que estamos no 1º mês de um qualquer ano lectivo, com um Comandante de Companhia (Oficial) novo, e que um aluno chega dez minutos atrasado a uma aula.

Como é que o Comandante de Companhia se decide quanto à punição a aplicar, dentro do largo espectro que vai da repreensão verbal aos 25 pontos negativos (posteriormente agravados pelo Comandante do Corpo de Alunos)?

Como é que o Comandante de Companhia percebe se está perante um aluno exemplar que teve um deslize, provavelmente motivado por uma queda de granizo com pedaços de gelo do tamanho de bolas de ténis, ou perante um agente subversivo que esperou propositadamente que o tempo passasse, e que deve ser exemplarmente punido?

Apresento-vos o "cadastro" - um processo confidencial, que acompanha cada aluno ao longo da sua vida colegial, e que contém toda a informação relevante: identificação, filiação, problemas de saúde crónicos, comportamento, referências elogiosas, punições, presenças no Quadro de Honra, medalhas, etc.

Graças ao "cadastro", a Justiça colegial não tem apenas dois pesos e duas medidas, como qualquer Justiça "normal", mas sim um peso e uma medida para cada aluno, contribuindo para um ambiente verdadeiramente personalizado.

Assim, um processo que poderia injustamente terminar de forma dramática, pode acabar simplesmente com um "e manda um abraço ao teu pai da minha parte", enquanto que um processo que se poderia ficar pelos 4 pontos negativos acaba com o justo agravamento pelo Comandante do Corpo de Alunos e, quem sabe, pelo Sub-Director...

7 comentários:

Anónimo disse...

Hummm, o Chagas preocupado com os pesos e as medidas das punições aplicadas a cada aluno...
Estou divertido, qualquer dia ainda vais fazer a contabilidade das medalhas perdidas por "merdas" destas e deixas de te sentir assim tão revoltado...

Já deu para perceber que houve algumas coisas que não passaram pela 1ª ou parece que não se sentiram á vontade para passar por lá...

Cuidado com o que dizes. Não porque possa ser uma ameaça para ti mas porque podes estar a ser injusto por omissão ou desconhecimento. Queres abrir a porta do armário? Abre pelo lado mais fraco, pelo lado de quem nunca se sentiu compreendido ou aceite. Fizeste alguma coisa por isso? Reconheço que sim, abriste a porta da história mais sórdida do nosso curso quando deixaste o Fózy falar sobre a saída do Alvin e sobre sua experiência pessoal.

Penso muito nisto porque tenho filhos e gostava de os pôr no Colégio, mas não sei...

Pedro Chagas disse...

Bicos,

o teu comentário é "Sueco" para mim, pelo menos associado a este "post". ;-)

Entre a "revolta", "as coisas que não passaram pela 1ª" e "abrir a porta do armário", não consigo estabelecer qualquer relação com o "post", que relata aquilo que sabemos bem que existia, que era uma propensão para sermos julgados em função do nosso "cadastro" e não dos actos em si (aliás, eu fui um dos beneficiados disto, pois o meu cadastro "quase limpo" jogou sempre a meu favor).

De certeza que era este "post" que querias comentar? É que há outros em que "revolta" e "abrir a porta do armário" ficariam melhor... ;-)

"As coisas que não passaram pela 1ª" é que não consigo encaixar em nada. Vais ter que me refrescar a memória.

Anónimo disse...

Fózy. Respondo porque é para ti...

Peço-te que leias os meus dois comentários no post a que te referes.
O primeiro está dividido em duas partes, onde na primeira não preciso de ser eu a esclarecer o que ficou escrito no discurso e o que eu originalmente queria dizer, o Chagas sabe muito bem do que eu estou a falar e se calhar encontra mais facilmente as várias "versões" que o discurso (escrito a meias) foi sofrendo. Na segunda parte eu pergunto "Já agora porque não contas a triste história do Alvin?" sabes porque é que eu fiz a pergunta? Porque sabia, porque me lembrava, porque não me quero esquecer, porque penso muito nestas "merdas" e porque parece que ninguém se queria lembrar. Faltou uma palavra minha? Devem ter faltado muitas e no teu caso se calhar não sabia o que te dizer.

O segundo comentário é se calhar o que eu não te disse quando devia e que com o tempo se foi calando mas não esquecendo. Se calhar tratei-te mal, não me lembro. Lembro-me que tratei mal outros camaradas de curso. Lembro-me muito bem!

Aproveito para esclarecer um pouco o meu comentário a este post. O Chagas se calhar não sabe o quão sério é este assunto, não sabe a injustiça de que alguns camaradas nossos foram vitima porque o seu cadrasto não "convinha". Esse é o "lado mais fraco", tal como na história do Alvim o "lado mais fraco" és tu e ele.
É a esse lado que ele devia "abrir a porta" e não tratar alguns assuntos "por cima da burra" esquecendo que ás vezes numa piadola há gente a sofrer.

Varanda disse...

Bicos said...

Não sei quem é essa tal pessoa de que falas, converso com ela e ainda não compreendi muito bem o que somos.
O meu sincero conselho é que escrevas o que sentes para ti e te "dispas" do que te vai na alma. Para ti.





E depois diz-nos onde está o que escreves...

Rantas disse...

Passei pela caixa de comentários que vocês referenciam aqui (34 comentários - creio que é um record!) e fiquei de boca aberta.

Nunca imaginei.

Relembrei-me de algumas histórias...
De ter servido de "testemunha" num "inquérito" depois de um sarau no Pav. Carlos Lopes em que o pessoal sentiu fome a meio. Quem me interrogou foi um Camarada nosso que escreve sobre a Volta a Portugal, ou escrevia, no jornal Record. Foi perfeitamente correcto, fez as suas perguntas, ouviu as respostas. Não embarcou em qualquer tipo de violência.

Do que passámos no nosso 4º ano, com o nosso comandante de companhia que deveria estar a atravessar séria crise de adolescência. Firmezas quase todas as noites, 50 cangurus antes de jantar, posições variadas depois de jantar (cócoras, flexões, braços abertos, etc.) e tudo porque "vocês sabem porquê!". Por acaso tenho curiosidade. Algum de vocês chegou a saber, ou mesmo só a desconfiar, o porquê daquilo tudo?

E o que aconteceu nesse ano ao Pré, porque perdeu uma senha de 20 escudos na nossa camarata? Lembram-se das alpercatas na cara?

Quem passou pelo Colégio ficou com o que contar. Por muitos anos que passem, há determinadas coisas que não se esquecem. Excelentes graduados que tivémos (ainda há duas semanas cruzei-me com o Guri e com o Puto! Podíamos acrescentar mais alguns: o Ski, o Fossa, o 666, e tantos outros), e alguns mauzitos. Esse comandante de companhia foi o pior.
Julgo que os blogs - e este em particular - servem perfeitamente de espaço de memória, de reflexão, de lembranças. Nem todas as lembranças são boas, mas todas elas contribuiram para o que nós somos hoje. Não o devemos esconder, nem me parece que o facto de se estar a falar nisso ponha em causa o que quer que seja, em termos de imagem do Colégio. Antes pelo contrário, diria eu...

Rantas disse...

Já agora - 442/77 - Pereira/Peçonha :-)

Anónimo disse...

Manda que eu vou.