quarta-feira, dezembro 13, 2006

Casos Notáveis (Parte I)

notável (adjectivo, 2 géneros): digno de nota, de atenção ou reparo.

Caracterização de alguns aspectos da vida colegial, tomando como partida exemplos de alguns camaradas de curso - sem números, sem alcunhas, sem nomes.

Os "Rótulos"

Acredito que temos uma tendência para julgar o trabalho das pessoas em função da opinião que temos delas, do seu trabalho no passado, das expectativas que temos para elas, etc; em resumo, tudo menos o valor objectivo que esse trabalho tem no presente.

Em particular, num meio fechado como o Colégio, depois de um aluno ser "rotulado", carrega esse "rótulo" (para o bem ou para o mal) durante os restantes anos da sua vida colegial.

Se chega atrasado a uma aula e o "rótulo" é "positivo", leva uma admoestação verbal ou desce até 5 pontos; se o "rótulo" é "negativo", desce 10 a 25 pontos. Se o aluno ganha medalhas nos primeiros anos, aumenta a probabilidade de ganhar nos restantes; se não ganha nos primeiros anos, dificilmente lá chegará nos restantes.

Foi neste contexto que, já depois de passada metade do curso, dois alunos até aí "medianos" um dia decidiram: "a partir de hoje vou ser bom aluno".

O balanço final apresenta 3 medalhas de Ouro para cada um, revelando que, desse ponto de vista, os resultados foram plenamente atingidos.

Para além das dificuldades naturais associadas aos testes e aos trabalhos, estes alunos tiveram que ultrapassar os "rótulos" colocados pelos professores e oficiais, não beneficiando, na fase inicial do seu esforço, das "ajudas" habitualmente reservadas aos "medalháveis".

Pela intenção demonstrada, pelo esforço e pelos resultados atingidos, estes camaradas justificam a sua presença na minha galeria dos "Casos Notáveis". A história deles recorda-me que a vontade e o esforço são 90% das condições necessárias para o sucesso. Como dizem os nossos camaradas da farda azul, "querer é poder".

E o "rótulo" colocado pelos colegas, mudou com a mudança dos resultados?

A avaliação que o grupo faz de cada elemento depende da sua contribuição para o grupo, seja qual for a forma dessa contribuição. O "rótulo" de cada elemento depende, assim, do benefício que o grupo tira do sucesso individual desse elemento, e a correlação entre estes dois factores tem alguma tendência para ser negativa...

5 comentários:

Anónimo disse...

De facto, é injusto, mas não totalmente alheio ao espírito elitista daquela casa e à constante busca da excelência – é também isso que faz dela o que é. A competição é implacável, seja no CM ou em qualquer outra parte. E essa tendência/cultura está patente em vários artigos publicados neste espaço.

E esses ditos “rótulos” levavam a uma certa segregação de alguns alunos por parte de outros alunos, fosse porque realmente tivessem um fraco desempenho ou por não terem “pedigree”.

Na minha modesta opinião (talvez disparatada), no que toca ao "pedigree", alguns indivíduos que entravam naquela casa, só pelo seu apelido/raízes, gozavam de algumas atenuantes e tratamento diferenciado, pese embora também que, na esmagadora maioria dos casos, fizessem jus ao estatuto, confirmando as expectativas, vindo mesmo a ser alguns dos mais distintos que por ali passaram, e isto só pelo que me foi dado a perceber durante o período de sete anos que ali passei.

Pessoalmente, tenho consciência do rótulo que me colocaram, que não mencionarei por me custar pronunciá-lo. A “marca” é indelével. Estou certo que sabem ao que me refiro.

Pedro Chagas disse...

"Vocês sabem do que estou a falar..." ;-)

Já não me lembro do teu "rótulo", mas depois contas ao pessoal no "Jantar do Alvin" a realizar oportunamente (leia-se "quando tu marcares").

Anónimo disse...

Contarei, que até vai ser bom para exorcisar o "demónio". Quanto ao "meu" jantar, é definitivo - já o disse antes. Não me considero "notável" ou "fixe" para tal. Chagas, quando fizerem um dos jantares habituais, estarei lá. Espero ansiosamente. Para falarmos deste assunto em concreto, quero uma garrafa de scotch e uma caixa de charutos à mão, que a coisa é capaz de demorar. Um abraço.

Anónimo disse...

Ok, eu levo os charutos.

Anónimo disse...

Ok, tá bem, o Scotch pago eu. Só desta vez.

Seja cá por coisas!

Martin's 20 Anos, tá bom assim?

Ou Bossas xelências,na bebem uisque que se possa comprar nas grandes superfícies?

Andem lá com isso e marquem a data.

Faltei ao último, mas não quer dizer que se vá tornar comportamento padrão...

Quanto aos rótulos... havia de facto, correlação positiva entre os "ditos", as razões de atribuição dos "ditos" e determinados resultados de certos eventos, marginalmente ou descaradamente influenciáveis pelos "ditos".

De qualquer forma, é melhor pegarem (outra vez) na sebenta de Probabilidades e Estatística e irem procurar (outra vez) a definição académica de "correlação"... porque esse termo não foi inserido pelo Chagas ao acaso... digo eu.

Já agora, relembrem-me lá quem eram os medianos, que "desabrocharam" (não confundir este termo com o acto de retirar um falo da boca) ?

O Dentes, o Kika e ...?

Um abraço.