Visita de Estudo a Braga, Guimarães e Serra do Gerês
Em Abril de 1982, no 5º ano, fomos fazer uma visita de estudo de vários dias a Braga, Guimarães e Serra do Gerês.
O objectivo seria o de, numa só viagem, podermos observar "no terreno" alguns aspectos que tínhamos estudado ao longo dos anos nas disciplinas de História, Geografia, Ciências e Biologia.
Como ponto de apoio, teríamos o Regimento de Cavalaria de Braga, onde ficaríamos hospedados "em regime de MP".
Naquele tempo, uma viagem até Braga em autocarros militares demorava uma "eternidade", pelo que chegámos já tarde e cansados de tanto solavanco, bem como esfomeados por só termos comido o tradicional almoço "take-away" do Colégio: uma sandes, um pedaço de frango, uma peça de fruta e um pacote de sumo.
Foi com grande alívio que finalmente chegámos à Porta de Armas do Regimento, onde nos esperava (assim esperávamos) um reconfortante jantar.
Do outro lado, vislubrámos alguns olhares de surpresa, primeiro do praça de guarda à Porta de Armas e depois do Oficial de Dia. Será que nunca tinham visto "Meninos da Luz"? Momentos depois, vislumbrámos a mesma surpresa no olhar do oficial responsável pelo nosso grupo, após uma curta conversa que este manteve com o Oficial de Dia do Regimento.
Aparentemente, havia um "pequeno problema": ninguém sabia da nossa vinda. As comunicações militares, com todos os protocolos para as tornar infalíveis, tinham falhado. Casernas disponíveis? Não havia. Comida? Também não.
Mas não há imprevisto que arrase a motivação de um Português, muito menos a de um que é militar, e por isso começou-se de imediato a trabalhar num cenário alternativo: havia "kits" de tendas (1 pano, 2 estacas e espias), também se arranjavam alguns cobertores, e havia um terreno a uns (bons) quilómetros que podia ser utilizado para fazer um acampamento. Comida? Ia-se ver o que é que se arranjava, mas certamente que mais tarde se arranjava alguma coisa.
E assim, cansados, com fome e com frio, fomos montar o nosso acampamento num terreno "no meio de nada", ficando depois à espera do jantar.
O jantar chegou, já bem depois da hora apropriada: uma caixa de madeira com pão e outra cheia de sardinhas em sal. Era o que se conseguia arranjar, tendo em conta a pouca antecedência.
A imagem dessa noite é inesquecível: os alunos juntos à volta da fogueira, enrolados em cobertores, cada um com um pau com uma sardinha espetada, que iam assando directamente nas chamas da fogueira e comendo com pão. E as sardinhas, diga-se de passagem, "souberam a pato".
Histórias dessa viagem, houve muitas, tendo algumas já sido contadas nos comentários de um outro "post": aqui, aqui, aqui e aqui.
1 comentário:
Para dar um ar sério e formativo à coisa, lembro-me que tivemos de fazer quartos de sentinela, o que na altura ainda nem sabíamos bem o que era.
Dada a altura do ano, 2 horas em pé durante a madrugada ao barbeiro, a mim deram para entrar em pré congelação.
Enviar um comentário