quinta-feira, fevereiro 07, 2008

O Curso de Pára-quedismo (Introdução)

Hoje em dia, saltar de pára-quedas "é para meninas".

O objecto em si passou a ser rectangular, resultando da junção de vários "tubos" de tecido fechados na parte posterior, e tem o nome de "asa", sendo possível voar, curvar e até travar.

A performance da asa depende da sua superfície, e se é verdade que as asas usadas pelos saltadores mais experientes, com superfícies inferiores a 180 pés quadrados, são excepcionalmente manobráveis e, como tal, exigem grande perícia na aterragem, as asas usadas para a instrução, com superfícies superiores a 260 pés quadrados, são extremamente estáveis, e só alguém muito "nabo" ou com muito azar consegue ter um acidente.

Nos "bons velhos tempos" dos pára-quedas redondos, aí sim, os "sobreviventes" tinham uma história para contar.

Os pára-quedas redondos têm uma manobrabilidade quase nula - e se escrevo "quase", é por respeito aos sargentos pára-quedistas que juravam a pés juntos que o pára-quedas era manobrável - e uma velocidade de aterragem não desprezável. De facto, mesmo considerando um vento fraco, a velocidade de aterragem é na casa dos 25 a 30 km/h, o que já dá para "fazer mossa". E se juntarmos a velocidade de aterragem com a imprevisibilidade do local de aterragem (estradas, pedras, árvores, casas, carros, cercas de arame farpado, postes eléctricos, cabos eléctricos, rios, lagos, gado, etc.), temos uma combinação vencedora para a criação de histórias para contar à lareira.

"No meu tempo" era tradicional haver um curso de pára-quedismo (com brevet desportivo civil) que era proporcionado pelo Colégio aos alunos finalistas que o desejassem. O curso era realizado na Base Escola de Tropas Pára-quedistas (BETP), em Tancos, com recurso aos mesmos meios humanos (instrutores) e materiais (simuladores, pára-quedas, aviões, etc.) utilizados na formação dos pára-quedistas militares. Só a preparação física não era (felizmente...) a mesma.

É sobre essa experiência, vivida no Verão de 1985, que escreverei alguns apontamentos curtos nesta série.

Continua em O Curso de Pára-quedismo (Parte I).

Fotografias extraídas de http://fotos.paraquedistas.com.pt.

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