sábado, março 08, 2008

O Curso de Pára-quedismo (Parte I)

Continuação de O Curso de Pára-quedismo (Introdução).

A Selecção do Grupo

Crescemos a olhar com admiração as "asas" que os alunos que tinham tirado o curso de pára-quedismo usavam orgulhosamente no peito. Em primeiro lugar, porque sabíamos que se tratava de uma actividade que nos colocaria no limite do nosso consciente - aquilo que mais tarde veio a ser caracterizado pela expressão "radical", entretanto completamente banalizada e aplicada a qualquer passeio em bicicleta fora de estrada - e, em segundo lugar, porque sabíamos que o curso era ministrado de uma forma extremamente exigente pelos instrutores da Base Escola de Tropas Pára-quedistas.

No início do nosso último ano de Colégio, foi feito um pré-levantamento dos candidatos ao curso de pára-quedismo. Como seria de esperar, eram "mais que muitos", e ficou logo no ar a necessidade de se proceder a uma selecção com base num critério qualquer a definir.

O tempo foi passando, e nada de novidades. Finalmente, já depois de terminado o ano lectivo, ligaram-nos para casa a comunicar a disponibilidade do curso e a avaliar o nosso interesse. Respondi que sim, e fui seleccionado "na hora"; apenas tive que convencer os meus pais a assinar um termo de responsabilidade (não foi fácil...), dado que eu era menor, e recuperar o meu "enxoval", entretanto já a caminho de se tornar "arquivo morto" (provavelmente ser oferecido ao depósito que a AAACM tinha na sede da Rua Marquês de Abrantes, no qual eu me tinha "abastecido" várias vezes no passado).

Quando cheguei ao Colégio, verifiquei com grande surpresa que, do extenso grupo de pré-candidatos, apenas tinham restado... quatro: eu, o 207/78, o 362/77 e o 238/77. Só foi possível realizar o curso porque se recrutaram voluntários no 7º ano (572/77, 200/78 e 590/78) e também porque contámos com a participação do Aspirante Bonito.

Telefonámos a vários camaradas de curso a perguntar porque é que não vinham fazer o curso connosco, e um deles disse-nos que "em princípio ia a Paris". A partir dessa altura, para aquele grupo, "ir a Paris" passou a ser sinónimo de "ter medo", e houve momentos ao longo do curso nos quais, de facto, desejei estar em Paris...

Continua em O Curso de Pára-quedismo (Parte II).

Fotografia extraída de http://fotos.paraquedistas.com.pt.

4 comentários:

Anónimo disse...

...podias ter "desejado" estar nas aulas de equitação por exemplo. Estou seguro que a queda não seria de tão alto e ao fim ao cabo um cavalo é sempre mais fiável que um paraquedas arcaico!
...ou talvez não??

RPL disse...

Eu, no meu tempo, também me inscrevi. Mas como também éramos muitos, veio um critério de idade, tínhamos que ter nascido antes de não sei quantos e eu tinha nascido depois.

Na altura 'fiquei' muito chateado, mas acho que em grande parte fiquei mas foi aliviado. Tive pena de não fazer mas acho que a sensação de alívio foi mais forte!

Lérias 102/84

TopGum disse...

No ano anterior ao do Chagas pensei em fazer o curso. Não sei se teria tido tomates, mas como o curso calhou na época de exames à Faculdade achei que era melhor não arriscar pois poderia ter que ir fazer os exames com uma perna partida.
No entanto, ainda hoje, cada vez que estou com a malta do meu curso fico sempre a pensar que deveria ter arriscado, pois acho que perdi uma experiencia única.
Tchonca 252/77

paraquedista disse...

Ainda estão todos a tempo de experimentar. Basta darem uma saltada ao aeródromo de Évora. Mesmo que não queiram fazer o curso, que é moroso, pois ocupa 1 fim-de-semana inteiro, no mínimo, podem sempre fazer um salto tadem. Para além de ser mais barato e de saltarem mais alto (12.000 pés ou mais) que no curso de abertura automática (4.000 pés, normalmente), têm a opção de pedir para filmarem o salto “para mais tarde recordar”. :-P

Um abraço