Qual é o Verdadeiro Colégio?
Qual é o verdadeiro Colégio? O Colégio do Pedro, apresentado na reportagem da SIC ("Um Nó na Alma") em 17 de Fevereiro, ou o Colégio do João, apresentado na notícia do "24 Horas" de 28 de Janeiro? O Colégio dos graduados como irmãos mais velhos, que apoiam os alunos mais novos nas suas dificuldades, ou o Colégio dos graduados que "ameaçam com uma navalha"?
Gostei da reportagem da SIC, em especial pela postura assumida pelo Pedro. Ver um miúdo de 10 anos a dizer em relação a uma mudança deste calibre que "é um desafio" é simplesmente extraordinário. Há "homens feitos" que olham qualquer mudança como uma coisa temível, a evitar a todo o custo, e o Pedro olha a mudança de frente e chama-lhe um desafio.
Ser capaz de se adaptar ao desafio, quer a entrada para o Colégio seja por vontade própria, quer seja por vontade dos pais, é uma condição essencial para o sucesso de um aluno no Colégio.
No dia seguinta ao da emissão da reportagem, uma colega de trabalho comentou comigo que um familiar esteve para mandar o filho para o Colégio "para ver se o punham no sítio". Quando lhe perguntei que "sítio" era esse, referiu-me que o miúdo era mimado e insuportável (os pais quase não conseguiam ter mão nele) e que a disciplina do Colégio seria interessante para o educar.
Muito dificilmente o Colégio conseguirá dar a uma criança os princípios básicos de educação que os pais não foram capazes de lhe dar. Na maioria das situações, a criança acrescentará à rebeldia contra a educação dos pais a rebeldia contra a educação dos graduados, que lhe querem impôr regras de disciplina que ela não aceita nem dos pais, quanto mais de estranhos.
Qualquer criança que esteja habituada a seguir regras em casa, consegue seguir as regras do Colégio. São regras seguramente diferentes, em alguns casos mais exigentes, mas são regras claras e aplicadas de forma justa. Quem não está disposto a seguir quaisquer regras, rapidamente aparece no "radar" como um caso complicado e passa a ser "marcado em cima", o que pode levar à criação de um ciclo vicioso de confrontação. Para um aluno que não queira seguir regras, as regras são uma violência, como violência é qualquer medida que vise levá-lo a cumprir as regras.
E é assim, certamente, que surgem casos como o do João. Se este caso em concreto (bem como os detalhes indicados) é verídico ou não, "depende da vossa fantasia"(*).
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(*) GNR, "Vídeo Maria".
6 comentários:
É suposto o Colégio formar 'Homens' ou seleccionar 'Homens'?
Se for para seleccionar então o CM não traz nenhum valor acrescentado e faz muito mal a muitos que ficam pelo caminho.
Eu penso que o CM deveria ser para formar e não seleccionar apenas.
Será que o CM não constroi elites, apenas as selecciona?
O Colégio forma, mas se a "matéria-prima" não tiver o mínimo de qualidade, não há milagres...
Li algures que uma vez perguntaram a Napoleão como se educava um criança ao que ele respondeu "começando por educar a mãe"
Post extraordinário.
Sem duvida algo sentido e com muita razão! Mas infelizmente acho que uma das perguntas feitas por ti ao início, "O Colégio dos graduados como irmãos mais velhos, que apoiam os alunos mais novos nas suas dificuldades", é uma pergunta que s tem de pensar muito bem na resposta. Receio dizer-te, mas a camaradegem de hoje, já não é aquilo que era, mesmo sabendo que antigamente os alunos eram mais distantes! Gostava de falar ctg, para saber mais sobre o antigamente. Tou com coriosidade e gostava de fazer comparações com o presente. ABC
Sei que estes estabelecimentos de ensino são do melhor que há, desde que as crianças não sejam vítimas de buling, como foi o caso do "João" e o caso de muitos outros jovens!
Podem dizer que nas escolas do ensino público também existe este fenómeno, o que é verdade, só que não é com a mesma violência que existe dentro de quatro paredes, e os pais podem acompanhar os filhos!
Neste momento devem estar a pensar "quem escreveu isto não sabe do que fala", mas sei, porque passei alguns anos no Istituto de Odivelas, 3 dos quais fui vítima de buling pelas alunas mais velhas (sempre pelas mesmas), e eu nunca quis contar directamente a ninguem, muito menos aos meus pais. Em todas as súplicas que lhes fazia para me tirarem do colégio, em todas das choradeiras que fazia aos domingos, nunca me descaí, e eles nunca me perguntaram, apenas diziam que era por ainda não me ter habituado a internatos (o que era impossível, porque desde os 5 anos que estava habituada a estar longe da familia).
Só à pouco tempo é k tive coragem de falar com a minha mãe sobre o buling, e é porque hoje em dia há uma forte campanha "anti-buling".
Se fosse hoje, e se eu tivesse a coragem e o espirito que tenho, já tinha feito queixa daquelas criaturas (que aquilo nem humanas são).
Tanto acredito no colégio do Pedro como no colégio do João, mas desde já vos digo que são poucas as crianças de 10 anos que se sabem defender, e que admiro muito esse "João" pela coregem que teve para ontar para os pais, e não é certamente uma má educação que o rapaz deve ter, pois se os pais dele o tivessem educado mal, ele nunca teria tido coragem de contar aos pais o que se passava no colégio.
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