As Medalhas Que Ninguém Ganhou (Parte I)
Continuação de As Medalhas Que Ninguém Ganhou (Introdução).
Medalha de Aplicação Literária do 3º Ano
No ano lectivo de 1979/80, a Direcção do Colégio alterou os regulamentos das medalhas. Possivelmente achou que, com os regulamentos que existiam, era fácil "ir à medalha".
Nos dois anos anteriores tinha havido, em média, cerca de 80 medalhas de Aplicação Literária e 80 medalhas de Aptidão Militar e Física (*), o que a Direcção terá considerado excessivo para um Batalhão com cerca de 600 alunos. Por isso, resolveu passar a exigir que fosse necessário ter classificações mínimas de 4 (até ao 5º ano) ou 14 (do 6º ano em diante) a todas as disciplinas que contavam para cada medalha, em todos os períodos.
Independentemente da legitimidade que existia para a tomada da decisão, que era total, a decisão foi tomada, ou pelo menos comunicada aos professores e alunos, já no decorrer do 2º período, com efeitos retroactivos em relação ao 1º período.
Verificou-se, entretanto, que todos os alunos do 3º ano tinham tido pelo menos um 3 no 1º período, seja porque não se tinham esforçado o suficiente, seja porque os professores os tinham resolvido "motivar" para que no período seguinte o 4 fosse mais claro e mais merecido ("tu até podias ter um 4, mas era um 4 'fraquinho', e eu sei que tu és capaz de fazer melhor; por isso, vou-te dar um 3 como forma de te motivar").
Esta "razia" foi generalizada a todo o Batalhão, sendo que nesse ano apenas houve 11 medalhas de Aplicação Literária e 22 de Aptidão Militar e Física (4 delas para o 3º ano), números claramente anormais face a tudo o que se passou nos anos anteriores e nos anos seguintes.
Os protestos dos alunos "esbarraram" na indiferença, e quem sabe até na satisfação da Direcção. De facto, para quem tinha como objectivo reduzir o número de medalhas, passar de 80 para 11 era um resultado muito bom; considerando o meu curso, reduzir de 16 medalhas para zero podia mesmo ser considerado excelente.
Quanto ao conceito de que "não se mudam as regras a meio do jogo", foi certamente considerada "um detalhe"...
Pior do que tomar uma decisão errada, é ver as suas consequências a desenharem-se, ter meios para a alterar (nomeadamente tempo), e não ter a humildade de o fazer.
Ccontinua em As Medalhas Que Ninguém Ganhou (Parte II).
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(*) Dados extraídos da "História do Colégio Militar", Volume II.
9 comentários:
Convém dizer, em abono da verdade, que 1 (um) aluno do 3º ano de 1979/80 qualificou para ambas as medalhas (no caso de prata), mas esbarrou com uma parvoice de um atrazo para uma aula ou coisa que o valha e porque protestou muito, teve suficiente a comportamento no 3º periodo. Apesar de desproporcionado, o castigo foi dado.
Recorta e pinta... ;-)
"Verificou-se, entretanto, que todos os alunos do 3º ano tinham tido pelo menos um 3 no 1º período"
OK, foi desta...
Ciao.
Foi desta que...?
É curioso este teu comentário, pois já não me lembrava que as regras tinham mudado. Recordava-me apenas (pois marcou na altura) que houve quem tivesse 7 x "5" e 3 (2,5) a inglês. Ardeu a medalha!!!
FruFru (358/77)
Quem é o bicos? Alguém do teu curso? Será que foi ele que perdeu a medalha de que fala? Ou será que foi o "anonymous" (meu homónimo), que não permite que seja difamado e que o acusem de ter tido um 3? Esta história da mudança da regra das medalhas parece-me um bocado difícil de aceitar mas confirmei na História do Colégio Militar que não há mesmo medalhas para o 3º ano em 79/80. Isso quer dizer que também não houve aquele prémio para o melhor aluno desse ano?
O "Bicos" é o 376/77, que foi o Comandante de Batalhão do meu curso.
Certamente estaria a falar dele próprio, porque geralmente tinha boas notas e ganhou algumas medalhas. Perante o facto - não haver medalhas - talvez eu esteja a ignorar algumas situações especiais de alunos que perderam a medalha por outros motivos que não a mudança do regulamento.
Quanto ao 1º anónimo, não percebi exactamente o que é que ele queria dizer. O 2º anónimo identificou-se, mas não percebi de quem é que ele estava a falar. Normalmente os bons alunos tiveram 3 a disciplinas "marginais" como Desenho, Trabalhos Oficinais, Geografia ou História, e não a disciplinas "centrais" como o Inglês.
Quanto á mudança da regra, se viste no livro terás constatado a "razia" que se verificou nesse ano em todo o Batalhão, que só uma acção desta natureza poderia justificar.
Quanto ao prémio para o melhor aluno, acho que houve, para um dos "suspeitos do costume": 66/77 ou 204/77.
"Quanto à mudança da regra" em vez de "Quanto á mudança da regra"...
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