Memórias do Baú XIV - O Meu Canto
Este é o meu canto, em Dezembro de 1984. Para além da cama, havia:
1) uma mesa quadrada, com um cobertor a fazer de toalha;
2) uma cadeira almofadada no tampo e nas costas (do mesmo tipo das existentes na "Sala de Leitura");
3) dois armários (um é visível do lado esquerdo; o outro não aparece na fotografia, porque está à direita da mesa);
4) um candeeiro para estudar à noite, pendurado nos fios do estore;
5) um radio/leitor de cassetes, para ouvir "até à exaustão" as minhas cassetes dos Genesis (nota importante: até aquela altura, os Genesis tinham quase só albuns bons).
Do lado esquerdo são visíveis os armários castanhos com vidros que ocupavam os dois topos das camaratas, e que serviam para guardar a farda de pano (com a camisa branca abotoada por fora) e os sapatos ou botas pretas. Estes armários eram necessários até ao fim da década de 70, uma vez que os armários para os alunos eram muito pequenos, não permitindo guardar todo o "enxoval".
Mesmo depois de substituídos os armários pequenos de madeira pelos armários metálicos "tipo tropa", os armários castanhos ficaram "por inércia", até que no princípio de 1985 conseguimos convencer o oficial Comandante de Companhia a mandar retirá-los, ganhando assim algum espaço e mais umas paredes livres.
A minha cama tinha seis cobertores, e à noite ainda usava um saco de água quente, um radiador (que também funcionava como torradeira) virado para mim, e o capote por cima. Que inverno tão frio que foi aquele...
2 comentários:
Ainda hoje não consigo perceber se houve Inverno tão frio como aquele. Até as poças de água estavam congeladas no 1º tempo da manhã (por volta das 08h00) que era quando o 1º ano tinha Educação Física.
Pior; os tanques de remo formavam uma camada de gelo que aguentava um gato em cima (esta história foi-me contada pelo meu irmão - 37/78 - que estava na altura no 7º ano e que os mais "traquinas" dessa época poderão confirmar, acho eu).
Talvez estes últimos anos tenham tido invernos tão frios como esse (talvez sejam apenas os anos a pesar), mas a diferença é que nessa altura também chovia!
Abraços,
Pedro "38" Branco
O que eu recordo particularmente do teu canto é o radiador/torradeira, o único utensílio capaz de tornar agradável o pão com manteiga do lanche/reforço!
E esse inverno marcou de facto na minha cabeça o padrão do que é inverno. Ter aula de EF às 07h45 - e não 08h00 Souvant! - com poças de gelo por todo o lado foi fantástico. E fazer 'corridas' de sementes nos 'riachos' de drenagem de água da chuva que passavam em frente aos campos de basket era um divertimento sublime. E tentar correr para as aulas embrulhado numa capa sem braços um verdadeira desafio.
Mas o teu canto também me lembra uns bons par de estalos por fazer barulho à noite! Mas comparado com os estalos do Santos, tu eras um porreiro!
Abraço,
Lérias ex-102 84/92
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