sexta-feira, março 10, 2006

Um Homem Não Chora(va)

No meu tempo de Colégio dizia-se: "um homem não chora, nem que tenha as tripas de outro na mão".

Fui educado e eduquei com base neste princípio, e recordo que um "rata" de 1984/85 que chorou mais dias do que era habitual ficou conhecido entre nós "para a posteridade" como o "chorinhas".

Agora as coisas são diferentes. Fez-me confusão ver os graduados a chorar na televisão, mas já vivi o suficiente para perceber que as coisas mudam, e que aquilo que me choca pelos padrões pelos quais fui educado pode ser perfeitamente normal e aceitável pelos padrões de hoje. E, afinal de contas, era o último "3 de Março"...

Resta-me, por isso, deixar uma mensagem aos meus camaradas graduados: requisitem "resmas" de lenços de papel, porque vão precisar. É que ainda falta o último período, o último mês, a última semana, o último dia, o último "cavanço", o último banho, a última aula, a última refeição, a última punição, o último louvor, o último castigo aplicado, a última tradição cumprida, a última formatura, o último "destroçar", o último "Zacatraz", a última fotografia, a última saída, etc.

Estou certo de que vão contar com o apoio dos camaradas mais novos, sempre prontos a disponibilizar um ombro amigo.

7 comentários:

A.Teixeira disse...

E a última vez que se assentava o cú numa sela contrariado...

Mas isso, decididamente, não provocava saudades!

Anónimo disse...

Sou graduado este ano e infelizmente apareci a falar nessa reportagem e garanto que me senti um pouco revoltado por estarem a violar um pouco a privacidade daquele local onde podemos ceder às emoções entre única e exclusivamente alunos do Colégio Militar que marcharam na avenida.
Contudo parece que foi uma reportagem bastante proveitosa para o Colégio que tem recebido muitos telefonemas a pedir informações respeitantes às candidaturas...
Quanto a quezílias entre alunos e ex-alunos sou forçado a concordar estrondosamente com o que foi dito pelo "Jags", não podemos enfraquecer os elos que nos ligam de forma tão peculiar com discussões estúpidas e insultos desnecessários não foi isso que me ensinaram e ensino no Colégio em que vivo.

Ceriz46 disse...

De facto entendo o modo como encaras a situação das lágrimas e até certo ponto concordo... Mas apenas até certo ponto. O que correu de maneira diferente foi a intromissão das camaras num local privado onde apenas alunos e oficiais deviam ter acesso.
Se assim fosse, não considerava que o acto fosse tradutor de fraquesa ou falta de tradição ou de espírito.
A verdade é que não pude evitar chorar quando abraçei um colega do meu curso, ao mesmo tempo que me consciencializava que não mais poderia desfilar.

*Já agora... acho que o último desfile na avenida da liberdade não tem o mesmo significado que "a última distribuição de bolama".
Abraço

Anónimo disse...

É engraçado como se pode ter interpretações tão diferentes de um texto...
Quando o Chagas era «rata» eu fui graduado dele. Nesse ano (1978) o CM fazia 175 anos e decidiu (e bem) retomar a tradição de desfilar na Avenida, deixando os «Jerónimos» onde eu ainda «andei» (fomos para lá nos anos 60 por razões facilmente compreensíveis).
Nesse ano havia o receio do desfile ser «sabotado» e lembro-me que houve discussões sobre se os «ratas» deveriam desfilar ou não; decidiu-se que não e lá ficaram eles ao lado da tribuna, se não me engano. Para o resto da malta as ordens eram ir «até ao fim» e lembro-me de ter visto a polícia de choque atrás do D. Maria...
Portanto, e para mim este tipo de emoções não existiram (embora me lembro de ter sentido algo na última parada...)
O que me fez impressão no desfile foi ver (e eu já não vejo um há muito tempo)- ao que me pareceu - que agora se desfila ao «toque de caixa», sem banda nem fanfarra, o que a ser verdade me deixou indignado. Terá sido assim?
Godinho 46/71

Anónimo disse...

Godinho, tanto no teu (nosso) tempo como agora, continua a haver fanfarra, mas ela não toca continuamente durante os 20 minutos do desfile (deve ser cansativo andar e bufar ao mesmo tempo). Só a caixa é que se aguenta o tempo todo.

Anónimo disse...

Caríssimo Chagas,

Aquela emoção vale mais que mil palavras.
A passagem das imagens foi excelente. Só tenho pena é do "puto", cuja mãe mais afoita saltou para o meio do desfile. Deve estar a morrer de vergonha.
Um grande abraço
Paulo Salgueiro 361/77

Anónimo disse...

Chagas,
como alguém disse no meio destas palavras todas - não te conhessem. O que tu fazes para ter comentários e para picar o pessoal!!!
FruFru