Os "Ourives"
Ganhar medalhas nunca foi uma tarefa fácil, e por isso havia normalmente algumas "negociações" no fim do ano lectivo para arredondar para cima uma nota do aluno A ou do aluno B.
Com a alteração de regulamento feita no início da década de 80, veio a necessidade de ter uma nota mínima em cada disciplina, o que se tornou um fardo ainda mais difícil de carregar, pois havia sempre (pelo menos) uma disciplina para a qual se tinha menos apetência ou jeito, ou para a qual o estudo não era o factor primordial (ex: desenho).
Esta situação era particularmente verdadeira com professores novos, que ainda não sabiam que notas é que tinham que dar. É que, por vezes, a intuição não era um elemento suficiente para distinguir entre o aluno que tinha média de 13 nos testes porque era um aluno mediano, e que merecia um 13 no fim do período, do aluno que tinha média de 13 nos testes porque era um aluno bom que tinha tido alguns "dias maus", e que merecia um 15 no fim do período, a título de investimento (para não se desmotivar).
Este trabalho de "enquadramento" era feito por professores ou oficiais bem posicionados junto dos seus pares, que garantiam que os bons alunos não eram penalizados numa fase inicial pelos seus "dias maus", ou que a nota não era usada para passar mensagens do tipo "eu acho que se te esforçasses mais obterias excelentes resultados". Estes homens eram autênticos "ourives", uma vez que ajudavam a "fabricar" as medalhas que os alunos posteriormente usariam no peito com orgulho.
Mas, para que houvesse um investimento, era necessário que houvesse alguma garantia de retorno. Para ser ajudado, era preciso saber pôr-se "a jeito", demonstrando vontade, capacidade de trabalho e resultados, sob pena de no período seguinte o investimento ser cobrado e a medalha "ir à vida".
Pela minha parte, estou grato a um "ourives" em especial - o Prof. Carmo -, que me fez acreditar que eu podia chegar à categoria dos "dourados", e me deu uma ajuda sempre que me faltou um "danoninho"... ;-)
1 comentário:
Chagas,... esqueces os "Alquimistas" que cuja missão na vida era transformar "merda em ouro" e vice versa. Quiçá um post na altura devida!
Freitas
Enviar um comentário