sábado, setembro 21, 2013

Reforma dos EME: Porquê? O Quê? Como?

Ainda a forma.

Alguns comentários que me têm sido enviados dizem que me foco muito na forma e pouco no conteúdo, ou seja, parece que o meu problema é mais com a forma como a decisão foi tomada, do que com a decisão em si.

Para mim, a forma faz parte do conteúdo; aliás, é mesmo a parte mais importante do conteúdo. Como dizem os anglófonos, "actions speak louder than words": as acções - forma - falam mais alto do que as palavras - conteúdo.

Em qualquer processo de mudança há que responder a 3 questões básicas: "porquê?", "o quê?" e "como?". Porque é que esta mudança é necessária e/ou importante? O que é que vai ser feito para endereçar as questões identificadas? Como - acções concretas, datas, orçamentos, etc. - é que vai ser feito?

No processo de reestruturação dos Estabelecimentos Militares de Ensino (EME), o Ministro da Defesa Nacional (MDN) nomeou uma comissão para responder a estas questões. No fim do trabalho há um conjunto de palavras - um Despacho assinado - e um conjunto de acções que falam mais alto: 1) a comissão não discutiu nenhum dos seus "porquê?", "o quê?" ou "como?" com as entidades que melhor conhecem os EME e que melhores condições têm para participar no processo de mudança: as Associações de Pais e Encarregados de Educação, e as Associações de Antigos(as) Alunos(as); 2) o MDN não respondeu a nenhuma das cartas que lhe foram enviadas nem concedeu nenhuma das audiências que lhe foram pedidas. Para além de uma questão de direito e de justiça, discutir as soluções com estas entidades seria uma prova de inteligência e de boa-fé.

O que é que nos dizem estas acções, e todas as outras que o MDN tem feito desde que o Despacho foi publicado? Que o MDN é um político do tipo "quero, posso e mando" e está de má-fé neste processo. A partir deste momento, o Despacho - as palavras - é irrelevante, esmagado por acções inconcebíveis num Governo que resultou de um processo democrático. É por isso que defendo a suspensão do Despacho e a sua substituição por um processo que envolva, numa lógica de boa-fé, todas as entidades relevantes.

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