sexta-feira, dezembro 16, 2005

L. A. C. - Liga Anti-Cavalo (Parte III)

Continuação de L. A. C. - Liga Anti-Cavalo (Parte II).

Antes de montar os cavalos, era necessário verificar os arreios, ajustar os estribos, etc. Depois, à ordem do instrutor, era só meter o pé no estribo e... montar - isto se o cavalo deixasse, é claro!

Um dos cavalos que montei várias vezes portava-se "assim-assim" na aula, mas primeiro era preciso montá-lo. Depois de entregarem os cavalos aos alunos, os soldados juntavam-se todos em redor do referido cavalo para o segurarem, enquanto eu, com um pé no estribo, ia tentando montá-lo sem levar uma patada ou ir “de rojo”, pendurado no estribo. Não era fácil, mas ao fim de alguns minutos (e muitos sobressaltos) o objectivo acabava por ser atingido.

"A passo!" Lá começava a aula...

Nunca percebi como é que se controla um cavalo. Aliás, estou convencido de que, com excepção dos camaradas da escolta, ninguém sabia controlar os cavalos. O meu cavalo andava a passo, trote ou galope exclusivamente em função das acções do cavalo da frente. A distância ao cavalo da frente era "automática", e a trajectória no picadeiro era também "automática". Eu limitava-me a tentar evitar cair ou levar coices - e consegui quase sempre atingir os meus objectivos.

Se os cavalos passavam a trote ou galope por imitação, já o movimento inverso não era tão linear, uma vez que a galope os cavalos trocavam de ordem e se instalava um verdadeiro “granel”. À medida que iam percebendo que o galope tinha chegado ao fim, voltavam a formar uma linha, mas por uma ordem diferente da inicial. Nesta fase, os cavaleiros tinham que perceber rapidamente que cavalos é que estavam à frente e atrás, pois havia uma lista de incompatibilidades que tinha que ser levada em conta, sob pena de haver uma sessão de dentadas e coices.

Não cabem nos dedos das mãos as aulas de equitação a que me "baldei". O diagnóstico apontava geralmente para "falquite", uma doença tipicamente colegial que me atacava com frequência nesses anos, quando se aproximavam as aulas de equitação.

Cheguei a estar dispensado pelo médico "de todas as actividades físicas" e a exercer essa dispensa só para as aulas de equitação (este comportamento chegou-me a causar problemas, por ir às aulas de ginástica, apesar de estar dispensado).

Continua em L. A. C. - Liga Anti-Cavalo (Parte IV).

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Chagas,
só hoje li os 3 artigos da LAC, da qual eu, como sabes, fazia parte. Como vai ter continuação recordo-te as corridas desenfreadas que faziamos para "marcar" o cavalo junto dos tratadores (tipo corridas para os "matrecos"), o cavalo que se deitava sobre a nossa perna quando colocávamos o pé no estribo, o cavalo que não dava coices, mas pontapés para a frente (chegavam ao estribo)- deve ser caso único (já abordaste, mas tinha este pormenor) e finalmente aquela luta de coices entre os nossos dois cavalos no meio do picadeiro (saímos agarrados um ao outro com os tornozelos "em obras").
FruFru (358)